Miss universo e violência simbólica: há algo entre as antípodas do livre-arbítrio e da coerção cultural?
Autor | Marli M. Moraes da Costa/Tamiris Alessandra Gervasoni |
Ocupação do Autor | Pós-Doutora em Direito pela Universidade de Burgos/Espanha, com Bolsa Capes/Mestranda com Bolsa Capes Prosup em Direito pela Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC. Graduada pela mesma instituição |
Páginas | 78-100 |
“DiPop” o direito na cultura pop
Marli M. Moraes da Costa
Pós-Doutora em Direito pela Universidade de Burgos/Espanha, com
Bolsa Capes. Doutora em Direito pela Universidade Federal de San-
ta Catarina – UFSC, Professora de graduação e Coordenadora do
Programa de Pós-Graduação em Direito – Mestrado e Doutorado na
Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC, Professora da Gradua-
ção em Direito na FEMA – Fundação Educacional Machado de Assis
de Santa Rosa, Coordenadora do Grupo de Estudos “Direito, Cida-
dania e Políticas Públicas” da UNISC. Psicóloga com Especialização
em Terapia Familiar - CRP n. 07/08955.
Tamiris Alessandra Gervasoni
Mestranda com Bolsa Capes Prosup em Direito pela Universidade
de Santa Cruz do Sul – UNISC. Graduada pela mesma instituição.
Integrante do Grupo de Pesquisa “Direito, Cidadania e Políticas Pú-
blicas”, coordenado pela Professora Pós-Doutora em Direito Marli
Marlene Moraes da Costa.
E-mail: tamirisgervasoni@gmail.com
miss universo e violência simbólica
“As mulheres têm uma curiosa e irônica
sina: são elas, muitas vezes, as educadoras
de seus próprios carrascos.”
Augusto Branco
A 63ª edição do concurso internacional de beleza femi-
nina Miss Universo realizou-se no dia 25 de janeiro de
2015, tendo como vencedora a candidata representan-
te da Colômbia. Tal concurso reconhecidamente exerce
intensa inuência nos padrões de beleza e estética em
escala mundial, visto que, além da participação de 88
países, a sua transmissão em rede televisava alcança al-
tos picos de audiência, como se comprovou nessa últi-
ma edição realizada nos Estados Unidos, considerando
que durante toda a sua transmissão no país o programa
manteve-se como líder de audiência1.
A escolha da Miss Universo em tal concurso ocor-
re a partir da realização de várias etapas, desde desles
de traje de banho, traje de gala, traje típico, até as cinco
perguntas que são feitas ao vivo às últimas cinco candi-
datas nalistas, uma questão diferente para cada uma.
Neste ano, talvez não despropositadamente, quatro
1 Dado disponível no site .
Miss Universo garante liderança nos Estados Unidos.
Disponível em:
ao/2015/01/27/316663/miss-universogarante-lideranca-nos-esta-
dos-unidos>. Acesso em 28 jan. 2015.
“DiPop” o direito na cultura pop
destas cinco perguntas eram atinentes às questões de
gênero. A partir dessas perguntas e respostas apresen-
tadas pelas candidatas é que paira a problemática da di-
gressão ora proposta, visto que tais foram indignantes
pela falta de instrução, compreensão e até mesmo co-
moção das candidatas com o tema da violência de gêne-
ro que afeta profundamente, e de variadas formas, todas
as mulheres do mundo inteiro.
Importante salientar que muitas críticas são dire-
cionadas ao Miss Universo pela própria razão de existir
do concurso, ora, um pouco ousado, despótico e egocên-
trico eleger uma única mulher como a “mais linda do
universo”. Linda para quem? Para os organizadores do
concurso (Miss Universe Organization e a rede de tele-
visão NBC) que reproduzem um padrão de beleza e com-
portamento ao longo dos anos, como se qualquer mu-
lher, para alcançar a beleza, assim deveria se comportar
e ser sicamente? Injusto e infeliz então para aquelas
que nunca serão belas, pois assim já está predisposto
pela sua genética, estilo de vida, opção, impossibilidade
ou escolha, de não alcançarem as “perfeitas” medidas
90-60-90 (busto, cintura, quadril, respectivamente).
Em contrapartida aos óbices do “corpo perfeito”,
prosperou no mundo contemporâneo um imaginário
social de que, por meio da tecnologia, nada mais é im-
possível ou inalcançável, e portanto, esta mesma lógi-
ca aplica-se na busca da perfeição física, e assim “estes
imaginários sociais seriam, por exemplo, o progresso
indenido da técnica, a possibilidade de a ciência resol-
ver todos os problemas”2, acreditando-se que pelas mais
2 STEIN, Ernildo. Epistemologia e crítica da modernidade.
2. ed. Ijuí: UNIJUÍ Ed., 1991, p. 29.
miss universo e violência simbólica
diversas intervenções cirúrgicas seja possível alcançar o
modelo de corpo tão almejado.
Amargamente tal crença apresenta-se como ver-
dade nos últimos anos, como se vê caso da ex- Miss Uni-
verso da Tailândia, vencedora do concurso no ano de
1965. Apasra Hongsakula, inconformada com as marcas
do tempo em seu corpo, inaceitáveis para uma mulher
que já foi a mais bela do universo, investiu dois milhões
de reais em cirurgias plásticas e procedimentos de em-
belezamento, almejando a aparência física que apre-
sentava aos 18 anos, a despeito de estar com 67 anos
de idade3. Outro caso tão incoerente quanto este é o da
brasileira Juliana Dornelles Borges, que, aos 22 anos de
idade, já havia se submetido a 19 intervenções cirúrgicas
no anseio de se tornar Miss Brasil. A jovem argumentou
que o número apontado pela mídia era ctício, que as
intervenções apenas “lhe reduziram o peso, anaram a
cintura, avolumaram os seios e modicaram levemen-
te o rosto”4. Ela acrescentou ainda na entrevista que “a
mulher nasce bela, mas não perfeita”. “Só a cirurgia es-
tética conduz à perfeição”5.
3 EGO. Miss Universo 65 gasta 2 milhões em plástica e
consegue parar o tempo. Disponível em:
com/famosos/noticia/2014/10/miss-universo-65-gasta-us-2-
milhoes-em-plastica-e-consegue-parar-o-tempo.html>. Acesso em
28 jan. 2015.
4 UOL. Gaúcha de “19 plásticas” que ser miss Brasil.
Disponível em:
2101200116.htm>. Acesso em: 28 jan. 2015.
5 UOL. Gaúcha de “19 plásticas” que ser miss Brasil.
Disponível em:
2101200116.htm>. Acesso em 28 jan. 2015.
“DiPop” o direito na cultura pop
A ideia e/ou imagem da existência de um corpo
padrão, aliás, como propõe o concurso Miss Universo
(ao eleger um único corpo como o mais belo do univer-
so), exalta a necessidade e obrigatoriedade de beleza e
delicadeza como características intrínsecas da feminili-
dade, como se rigorosamente o corpo feminino, para ser
belo, carecesse de determinados traços, delineando um
padrão de beleza e estética a ser alcançado, pois só as-
sim conquistar-se-ia aceitação e admiração social.
Ocorre que, diante do cenário da possibilidade de
serem alterados e suprimidos determinados traços do
corpo, imputou-se às mulheres uma obrigação em rela-
ção à beleza e à admiração quanto à sua aparência física
que “agora não mais um ganho da natureza e sim algo
possível de se transformar e construir”6.
O concurso ora criticado agrava o quadro da jor-
nada eterna pela beleza, pois valoriza em alcance global
o aspecto físico da vencedora que é premiada com um
contrato anual com a Miss Universe Organization, um
prêmio em dinheiro, joias e roupas; além disso, a ven-
cedora passa um ano viajando pelo mundo, transmitin-
do mensagens de paz e cura de doenças. Durante esse
ano de reinado residirá ainda em um apartamento em
Nova York, na Trump Tower7. Inegavelmente, o aspecto
físico considerado belo é supervalorizado na sociedade
6 CABEDA, Sonia T. Lisboa. A ilusão do corpo perfeito: o discurso mé-
dico na mídia. In: STREY, Marlene Neves; CABEDA, Sonia T. Lisboa;
PREHN, Denise Rodrigues (Orgs.). Gênero e cultura: questões
contemporâneas. Porto Alegre: EDIPUCRS, pp. 149-172, 2004, p. 151.
7 UOL. Anal, o que faz uma miss universo? Disponível em:
faz-uma-miss-universo/#img=1&galleryId=595325>. Acesso em 10
fev. 2015.
miss universo e violência simbólica
contemporânea, muitas vezes garantido por si só uma
vida estável em questões econômicas e nanceiras, acar-
retando invariavelmente o sucesso de muitas mulheres
(super) valorizadas por sua aparência.
Ressalta-se que o objetivo não é condenar a va-
lorização do aspecto físico a partir de críticas retóricas.
Pondera-se que, por vezes, como se armou acima, a
aparência física garante por si só a prossão de muitas
pessoas, como no caso de modelos e artistas.
Porém, a supervalorização das aparências, bem
como a redução da mulher à beleza é prejudicial e no-
civo à saúde mental e física, pois, além de se congurar
atualmente uma violência física, tal conjuntura ocasiona
os danos da violência simbólica8, que é uma “violência
suave, insensível, invisível a suas próprias vítimas, que
se exerce essencialmente pelas vias puramente simbóli-
cas da comunicação e do conhecimento, ou, mais preci-
samente, do desconhecimento, do reconhecimento, ou,
em última instância, do sentimento”.9
É temerário que o exacerbado número de cirur-
gias plásticas que vêm se realizando nos últimos anos
8 “Ao tomar “simbólico” em um de seus sentidos mais correntes,
supõe-se, por vezes, que enfatizar a violência simbólica é minimi-
zar o papel da violência física e (fazer) esquecer que há mulheres
espancadas, violentadas, exploradas, ou, o que é ainda pior, tentar
desculpar homens por essa forma de violência. O que não é, obvia-
mente, o caso. Ao se entender “simbólico” como o oposto de real,
de efetivo, a suposição é de que a violência simbólica seria uma
violência meramente “espiritual” e, indiscutivelmente, sem efeitos
reais. É esta distinção simplista, característica de um materialismo
primário, em cuja elaboração eu venho há muitos anos trabalhando,
visa destruir, fazendo ver, na teoria, a objetividade da experiência
subjetiva das relações de dominação”. BOURDIEU, Pierre. A domi-
nação masculina. Trad. Maria Helena Kühner. Rio de Janeiro:
Bertrand Brasil, 1999, p. 46.
9 Ibidem, p. 7-8.
“DiPop” o direito na cultura pop
torne-se uma nova tática de rotular como devem ser as
mulheres. Além daquilo que a cultura e história sempre
disseram sobre o comportamento feminino10, em aspec-
tos psicológicos, agora estar-se-ia também controlando
mais profundamente o aspecto físico11. Pesquisa divul-
gada pela International Society of Aesthetic Plastic Sur-
gery, com dados referentes ao ano de 2013, consolidam
as preocupações dirigidas ao tema ao demonstrarem
que nesse referido ano foram realizadas 23 milhões de
cirurgias plásticas ao redor do mundo.
O Brasil desponta em primeiro lugar no ranking,
sendo que as cirurgias mais realizadas não são por ques-
tões de saúde (em sentido amplo, ou seja, englobando
aspectos psicofísicos), mas sim por interesse estético,
sendo que as intervenções mais procuradas naquele ano
foram lipoaspiração, inserção de próteses mamárias e
rinoplastia. Não obstante, o procedimento estético12
mais procurado é a aplicação da toxina botulínica13.
10 Ibidem.
11 “O extraordinário crescimento do número de cirurgias plásticas
entre as mulheres na atualidade e a interpretação do fenômeno
como nova estratégia de estigmatização, controle e desqualicação
da feminilidade, produziram reações indignadas dos movimentos
feministas [...]”. CABEDA, Sonia T. Lisboa. A ilusão do corpo per-
feito: o discurso médico na mídia. In: STREY, Marlene Neves; CA-
BEDA, Sonia T. Lisboa; PREHN, Denise Rodrigues (Orgs.). Gênero
e cultura: questões contemporâneas. Porto Alegre: EDIPUCRS,
pp. 149-172, 2004, p. 155.
12 Adverte-se que, conforme os conceito da International Society
of Aesthetic Plastic Surgery lipoaspiração, inserção de próteses
mamárias e rinoplastia, citadas no texto, conguram cirurgias plásti-
cas, enquanto que a aplicação de toxina botulínica, preenchimento
facial, peelings, entre outros, conguram procedimentos estéticos.
13 CIRURGIA PLASTICA. De acordo com a ISAPS, Brasil li-
dera ranking de cirurgias plásticas no mundo. Disponível
em:
miss universo e violência simbólica
Salienta-se que mencionada pesquisa alerta para
o fato de que as mulheres guraram 87,2% das pessoas
que realizaram as cirurgias plásticas, totalizando núme-
ro superior a 20 milhões. Ademais, acrescentam-se a tal
número os procedimentos estéticos que representaram
um número superior a onze milhões14.
Na intenção de talvez fugir do estereótipo de um
concurso vazio que prima apenas pela beleza, que incen-
tiva e colabora para o aumento do número de cirurgias
plásticas, acentuando a incansável e inalcançável ob-
tenção do corpo perfeito, o Miss Universo nessa edição
trouxe perguntas com temas relevantes e atuais às can-
didatas, citando até mesmo dados da ONU referentes à
situação de exposição de um terço das mulheres a qual-
quer tipo de violência15.
Na pergunta direcionada à Miss Holanda, o jurado
questionou: “Qual a maior mudança que você quer ver
em jovens mulheres para a próxima geração?”16 Gague-
jando, a miss responde que gostaria que a prostituição
-brasil-lidera-ranking-de-cirurgias-plasticas-no-umndo/>. Acesso
em 28 jan. 2015.
14 CIRURGIA PLASTICA. De acordo com a ISAPS, Brasil li-
dera ranking de cirurgias plásticas no mundo. Disponível
em: . Acesso em
-brasil-lidera-ranking-de-cirurgias-plasticas-no-umndo/>. Acesso
em 28 jan. 2015.
15 ONU-BR (Organização das Nações Unidas-Brasil). No dia in-
ternacional da mulher ONU pede o m de todos os tipos
de violência de gênero. 2014. Disponível em:
org.br/no-dia-internacional-da-mulher-onu-pede-m-de-todos-os-
-tipos-de-violencia-de-genero/>. Acesso em: 01 nov. 2014.
16 YOUTUBE. Miss Universe 2015 full show. Disponível em:
28 jan. 2015.
“DiPop” o direito na cultura pop
infantil acabasse. Apesar de simples e insegura a respos-
ta, em comparação com as demais candidatas a resposta
não pareceu tão ruim, dada a gravidade e complexida-
de do problema da prostituição infantil. Sabiamente,
a miss que se apresentou como embaixadora contra a
prostituição infantil aproveitou o momento de visibili-
dade para divulgar a seriedade desse problema que re-
quer amplos e integrados esforços para ser combatido.
Adiante, a pergunta seguinte feita para a Miss
Ucrânia: “Se você pudesse remover o segmento de trajes
de banho do Miss Universo, você o faria? Justique sua
resposta”. Nitidamente surpresa com a pergunta, talvez
pela falta de compreensão do signicado implícito, a
miss responde “é uma situação peculiar, se for melhor,
por que não? Eu me sinto confortável em qualquer coi-
sa! Obrigada”. De fato, a resposta soa estapafúrdia, vis-
to que a candidata não percebeu o aspecto capcioso da
questão em termos de crítica à “coisicação” e exposição
do corpo feminino, além da própria violência simbólica
de gênero, simultaneamente a uma possível crítica aos
próprios moldes do concurso.
Talvez aproveitando a temática inserida pelo ju-
rado anterior, a pergunta seguinte realizada para a Miss
Jamaica foi: “Uma em cada três mulheres já sofreu vio-
lência em sua vida, o que podemos fazer para reduzir
esse número?”. A resposta proferida foi tão insensível
e apedeuta que merece referência: “crime é um fenô-
meno global. Não afeta apenas uma nação e nós como
pessoas do mundo devemos agir juntos para prevenir
isto”. Surpreende negativamente tal resposta diante do
fato de que nos últimos anos a violência de gênero, com
miss universo e violência simbólica
ênfase à violência contra a mulher, é destaque diário e
constante na mídia de forma geral, é considerado o as-
sunto do momento e tratado como epidemia global17 e,
mesmo assim, uma mulher, que provavelmente já deve
ter sofrido alguma forma de violência de gênero, con-
forme os dados apresentados pela própria ONU, não se
sensibilizou com a questão ou, pior, desconhece a sua
própria realidade.
O tema violência de gênero é tão “pop” que vem
sendo debatido nos mais variados âmbitos, e exemplos
disso são fáceis de serem citados, como a grande reper-
cussão que teve no ano passado a discussão entre a can-
tora Pitty e a cantora Anitta no programa Altas Horas
sobre liberdade sexual18, a polêmica envolvendo o de-
senho infantil da porquinha Peppa, que teria uma mãe
feminista19, a transformação do personagem de histó-
rias em quadrinhos da Marvel Thor em um personagem
agora representado por uma mulher20, a proibição de os
17 O GLOBO. Um terço da mulheres é vítima de violência
doméstica. Disponível em:
um-terco-das-mulheres-vitima-de-violencia-domeStica-8752915>.
Acesso em 28 jan. 2015.
18 EGO. Em gravação Anitta e Pitty discutem sobre liberdade
sexual das mulheres. Disponível em: -
mosos/noticia/2014/12/em-gravacao-anitta-e-pitty-discutem-sobre-
liberdade-sexual-das-mulheres.html>. Acesso em 28 jan. 2015.
19 BEM PARANÁ. Acusada de feminista porquinha Peppa
corre risco de censura. Disponível em:
rana.com.br/noticia/328357/acusada-de-Feminista-porquinha-
peppa-corre-risco-de-censura>. Acesso em 28 jan. 2015.
20 REVISTA GALILEU. Marvel apresenta Thor como mulher
em nova HQ. Disponível em:
cultura/Quadrinhos/noticia/2014/07/marvel-apresenta-thor-co-
mo-mulher-em-nova-hq.html>. Acesso em 28. jan. 2015.
“DiPop” o direito na cultura pop
jornalistas no desle da Victoria’s Secrets fazerem per-
guntas às modelos sobre feminismo21. Enm, felizmente
o assunto violência de gênero parece estar recebendo a
atenção e preocupação que merece, tanto que a própria
Igreja Católica condenou a violência contra as mulhe-
res e admitiu que a Igreja deva oferecer mais espaços
a elas22. Além disso, o próprio Vaticano criticou os ex-
cessos de cirurgias estéticas, dizendo que congurariam
“uma burca de carne”23.
Dessa forma, questiona-se como uma candidata
ao Miss Universo 2015, nalista entre as últimas cin-
co, pretendente à função de levar mensagens de paz
ao mundo todo, não é capaz de enviar uma mensagem
sincera sobre violência (de gênero) contra as mulheres.
Conforme supracitado, alegar estar alheia a essa reali-
dade diante de tantos fatos noticiados, diante do Fórum
Social Mundial de 2015 reconhecer que este será o ano
da igualdade de gênero24, não é aceitável.
21 INDEPENDENT. Victoria’s Secret show 2014: Journal-
ist told not to ask question about feminism. Disponível em:
cret-show-2014-journalist-told-not-to-ask-question-about-femi-
nism-9900225.html?cmpid=facebook-post>. Acesso em 28 jan. 2015.
22 TERRA. Papa condena mutilação feminina e violência
contra mulheres. Disponível em:
mundo/europa/papa-condena-mutilacao-feminina-e-violencia-
contra-mulheres,cf81667dd746b410VgnCLD200000b2bf46d0RC
RD.html>. Acesso em 28 jan. 2015.
23 INFORMADOR. El Vaticano debatirá sobre violencia de
género y cirugía estética en la mujer. Disponível em:
www.informador.com.mx/internacional/2015/574024/6/el-vati-
cano-debatira-sobre-violência-de-genero-y-cirugia-estetica-en-la-
mujer.htm.>. Acesso em 24 fev. 2015.
24 ENVOLVERDE. “2015 é o ano do desenvolvimento, da
igualdade de gênero e das mudanças climáticas”, arma
miss universo e violência simbólica
Por m, a Miss Colômbia foi questionada: “Muitas
pessoas já devem ter te perguntado o que homens podem
aprender das mulheres, mas eu gostaria de te pergun-
tar o que as mulheres podem aprender dos homens?”.
A miss, que considerou publicamente a pergunta muito
difícil, respondeu “penso, todavia, que existem homens
que acreditam na igualdade e isso é o que acredito que
as mulheres têm que aprender com os homens”.
Assim, segundo o entendimento da candidata co-
lombiana as mulheres podem aprender sobre igualdade
com os homens. Tal resposta apresenta-se contraditória
perante a realidade na qual a igualdade tem sido des-
de sempre o objetivo da(s) luta(s) de muitas mulheres e
do feminismo: igualdade é justamente tudo aquilo que
as mulheres nunca obtiveram em relação aos homens.
Aprender sobre igualdade a partir dos homens seria o
mesmo que manter-se num ciclo eterno de dominação
masculina, pois tudo que se aprendeu sobre o mundo
até hoje foi a partir dos homens, a “nossa visão da histó-
ria concentra-se apenas nos homens”25.
Diante de respostas ocas, apáticas e quase indife-
rentes a temas tão importantes, a intenção do Miss Uni-
verso de negar o estereótipo de mero concurso de beleza
que considera apenas o aspecto físico não se sustenta.
O despreparo e a falta de instrução das misses no que
concerne a assuntos sérios e de interesse do mundo todo
Ban. Disponível em:
e-o-ano-desenvolvimento-da-igualdadede-genero-e-das-mudancas-
climaticas-arma-ban/>. Acesso em 28 jan. 2015.
25 MILES, Rosalind. História do mundo pelas mulheres. Tra-
dução de Barbara Heliodora. Rio de Janeiro: LTC, 1989, p. 10.
“DiPop” o direito na cultura pop
reforça a ideia de que são “apenas um rostinho bonito”
e isso já lhes bastaria, tal como querem alguns homens
que contentes estão com a dominação masculina. Ade-
mais, o concurso Miss Universo, ao premiar as candi-
datas mesmo diante de respostas absurdas (como nes-
se ano, por exemplo, a Miss Colômbia foi eleita a Miss
Universo 2015), reproduz e reforça adágios como “vento
forte e mulher feia só quebram galho”, “quando o sa-
bor desaparece, cospe-se o chiclete fora”, “mulher feia
é como pantufa... Dentro de casa até que é gostoso, mas
na rua... dá uma vergonha”, “mulher ou é bonita ou é
funcionária pública”... e por aí vai; que consequente-
mente reduzem as mulheres a uma expressão física, a
belos ornamentos passíveis de exposição e apenas isto.
Não obstante, tal reforço indiscriminado do cul-
to ao belo não se restringe ao âmbito dos concursos
de beleza, mas afeta todas as mulheres em virtude da
falsa ideia de que traz empoderamento, pois não é co-
mum se verem na mídia26 mulheres consideradas feias,
de acordo com certo padrão, sendo exemplos de ícones
de sucesso pessoal e prossional. Desse modo, “a bele-
za está para o feminino assim como a força está para o
26 “Veículos que fazem circular o discurso, tanto da mídia quanto
da classe médica, sobre o corpo feminino e as cirurgias plásticas na
cultura contemporânea, nos quais também é possível apreender as
representações que as mulheres encontram na cultura contemporâ-
nea sobre como “deve ser uma mulher de X anos”, “como deve se
apresentar”, o que deve ser feito para obter o reconhecimento e a
aprovação social”. CABEDA, Sonia T. Lisboa. Uma estranha no es-
pelho: feminilidade, imagem corporal e envelhecimento na contem-
poraneidade. Revista Sitientibus, Feira de Santana, n. 41, p.195-
209, jul./dez. 2009, p. 196.
miss universo e violência simbólica
masculino”27, ou seja, como se fosse uma característica
obrigatória, indispensável para a realização pessoal e
prossional.
Em face das novas possibilidades advindas com as
cirurgias plásticas, “desenvolveu-se um sistema de de-
terminismo da beleza”28 no qual as expressões naturais e
normais do corpo de uma mulher madura passaram a -
gurar como algo negativo. Dessa forma, a frustração com
o próprio corpo só se acentua com o decorrer do tempo,
com o surgimento dos sinais normais do envelhecimento
como rugas, acidez, celulite e estrias, entre outros.
Exemplo disto circulou na internet atualmente
sobre a polêmica envolvendo a cantora Iggy Azalea. A
cantora teve fotos suas divulgadas em sites, nas quais
demonstrava ter celulite ao deslar na rua com um short
que permitia a exibição de suas pernas29. Muito chatea-
da, decidiu abandonar as redes sociais após o ocorrido,
armando que “aparentemente é chocante uma mulher
ter celulite” e que apenas queria ter paz30.
27 CABEDA, Sonia T. Lisboa. A ilusão do corpo perfeito: o discurso
médico na mídia. In: STREY, Marlene Neves; CABEDA, Sonia T.
Lisboa; PREHN, Denise Rodrigues (Orgs.). Gênero e cultura:
questões contemporâneas. Porto Alegre: EDIPUCRS, pp. 149-172,
2004, p. 157.
28 Ibidem, p. 156.
29 REVISTA QUEM. Iggy Azalea deixa o twitter após críticas
por celulites. Disponível em:
Popquem/noticia/2015/02/iggy-azalea-deixa-o-twitter-apos-
criticas-por-celulites.html>. Acesso em 24 fev. 2014.
30 DIVERSÃO TERRA. Iggy Azalea desabafa no twitter: eu só
quero ter paz. Disponível em:
te/iggy-azalea-desabafa-no-twitter-eu-so-quero-ter-paz,8f43850a-
973ab410VgnVCM10000098cceb0aRCRD.html>. Acesso em 24
fev. 2015.
“DiPop” o direito na cultura pop
Denota-se que as estratégias de controle do corpo
carregam consigo um sofrimento inerente, pois trans-
portam a desleal esperança de que, por meio das corre-
ções estéticas, do aperfeiçoamento da aparência, aqui-
lo que não se aceita ou não é aprovado interiormente
será automaticamente corrigido, pois vê-se que “as
queixas das mulheres em relação à imagem corporal
são da ordem de uma ferida narcísica que pretende ser
restaurada sicamente”31 e, de fato, isto não ocorre.
Essa busca pela aceitação do Outro, insculpida na ideia
de que a beleza do aspecto físico é suciente para tan-
to, é insensata e inatingível em razão de que o Outro
é “representado pela cultura dominante, que é racista,
sexista, preconceituosa em relação à idade, classe so-
cial, etnia e deciência”32.
Na contemporaneidade, o corpo tem se congu-
rado cada vez mais um espaço simbólico na construção
dos modos de subjetividade de nossa época. Na verdade,
o desenvolvimento das novas tecnologias, ligado ao ape-
lo midiático no sentido de que é possível termos corpos
perfeitos a partir das intervenções das ciências médicas,
e do fácil acesso a diversos recursos ligados à boa forma,
como academias, dietas, exercícios físicos etc., o corpo
tornou-se uma máquina passível de ajustes, reparos e
adaptações.
31 CABEDA, Sonia T. Lisboa. A ilusão do corpo perfeito: o discurso
médico na mídia. In: STREY, Marlene Neves; CABEDA, Sonia T.
Lisboa; PREHN, Denise Rodrigues (Orgs.). Gênero e cultura:
questões contemporâneas. Porto Alegre: EDIPUCRS, pp. 149-172,
2004, p. 168.
32 Ibidem, p. 170.
miss universo e violência simbólica
Uma pessoa com um corpo malhado, belo e jovem
é vista pela sociedade de consumo como alguém que tem
sucesso e vende a ideia de felicidade. O suposto sacrifí-
cio exigido para modelar o corpo é compensado ideal-
mente pela crença de um sucesso futuro. Pouco importa
o quanto a pessoa sofreu, gastou, para conseguir esse
resultado, isso não conta, porque o que realmente está
em jogo é o “ganho” emocional que ela acredita estar
adquirindo pela imagem que ela mesma passa a ter de si
e imagina que os outros a estão vendo da mesma forma.
As novas tecnologias possibilitam moldar o corpo hu-
mano de forma a torná-lo “perfeito” e corresponder aos
anseios do mundo social.
Assim, a ditadura da beleza na sociedade contem-
porânea torna o corpo humano um lugar de destaque,
como se ele fosse um molde, um rascunho que pode ser
refeito ou aperfeiçoado conforme os desejos e as condi-
ções nanceiras do sujeito que busca adaptar-se às sig-
nicações sociais. Todos são persuadidos diariamente
pelos meios de comunicação e pelo mercado a alcançar
a aparência desejada de forma rápida e sem dor. Nesse
contexto ocorre o sequestro da subjetividade, princi-
palmente nos casos de exageros de cirurgias plásticas e
outros procedimentos estéticos que muitas vezes põem
a vida dos pacientes em risco. Dessa forma, não é ne-
cessária muita persuasão para que alguém nos leve de
nós. Uma palavra, um olhar, uma opinião, tudo pode
nos prender se não tivermos rmeza de nossas convic-
ções. Anal, as estruturas sociais em que vivemos são
fortemente marcadas pela transitoriedade e pelo condi-
cionamento, e sobreviver a isso é um desao constante.
“DiPop” o direito na cultura pop
Tudo se torna tão passageiro, articial e represen-
tativo que é difícil a experiência de manter uma identi-
dade, porque para a sociedade (pós)moderna não basta
existir de qualquer jeito, somos forçados a movimentar
as estruturas que tornam a vida humana cada vez mais
articial. Tais estruturas criam e recriam espaços desu-
manizados, em que a subjetividade não tem valor, não
há preocupação em preservar a individualidade do su-
jeito, pois todo o esforço direciona-se à manutenção de
uma estrutura de poder que cada vez mais fragiliza o ser
humano, que ca vulnerável e facilmente é roubado de
si mesmo. Acrítico, passa a sorver a existência sem mui-
to pensar sobre ela. Envolvido, o ser humano vai fazen-
do a entrega de seu corpo em busca da juventude eterna,
sonho alimentado diariamente com o surgimento dos
produtos “light”, das mais modernas intervenções cirúr-
gicas, diversicadas atividades físicas, a microbiologia,
a robótica, a farmacologia e a genética como férteis pro-
messas de um corpo perfeito.
O descaso com a velhice surge exatamente desse
exagerado culto ao corpo malhado e jovial, que passa a
ser considerado uma espécie de melhor parte do indi-
víduo, porque aquilo que não é boa forma é visto como
uma espécie de mala, na maioria das vezes incomoda-
mente pesada, que o ser humano precisa carregar, em-
bora muitas vezes ele queira escondê-la, eliminá-la ou
aposentá-la para não sofrer discriminações no seu meio
social. Assim sendo, a busca “doentia” pelo corpo perfeito
é quase uma técnica de sobrevivência na sociedade atu-
al; as pessoas buscam se aproximar do ideal de estética
corporal que essa mesma sociedade dene, destacando,
miss universo e violência simbólica
dissimulando ou atenuando particularidades de sua
aparência. Acredita-se que por meio dessa prática está-se
incrementando a vitalidade da constituição orgânica e
social e, consequentemente, o indivíduo acaba se per-
dendo em meio a tudo isso.
A partir dessa cultura dominante que realizou a
“socialização do biológico” e biologização do social”33,
invertendo “a relação entre as causas e os efeitos e fazer
ver uma construção social naturalizada”34, é que se deve
questionar se a incessante busca feminina pelo corpo
perfeito é algo natural, como se as mulheres fossem
reféns eternas de sua própria vaidade, ou se este “auto
aprisionamento” das mulheres, como se esta situação
fosse uma opção, é uma consequência das estruturas
da sociedade erigidas e mantidas a partir da dominação
masculina pois, não obstante, o corpo, em especial das
mulheres, sempre teve “lugar central no conceito de fe-
minilidade em todas as épocas e culturas”35.
É imperioso salientar que uma das faces do poder
simbólico, que suporta a cumplicidade entre dominan-
tes e dominados, atribui à própria vítima a responsabili-
dade por sua opressão, como se ela tivesse opção e apre-
ciasse tal situação36, mascarando o fato de que o poder
33 BOURDIEU, Pierre. A dominação masculina. Trad. Maria
Helena Kühner. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999, p. 9.
34 Ibidem., p. 9.
35 CABEDA, Sonia T. Lisboa. A ilusão do corpo perfeito: o discurso
médico na mídia. In: STREY, Marlene Neves; CABEDA, Sonia T. Lis-
boa; PREHN, Denise Rodrigues (Orgs.). Gênero e cultura: questões
contemporâneas. Porto Alegre: EDIPUCRS, pp. 149-172, 2004, p. 150.
36 BOURDIEU, Pierre. A dominação masculina. Trad. Maria
Helena Kühner. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999., p. 52.
“DiPop” o direito na cultura pop
simbólico reside em verdade nas estruturas objetivas da
sociedade e não nas (in)consciências misticadas37.
Diante desse cenário é que argumentos que impu-
tam ao livre-arbítrio das mulheres optar por participar
desses concursos ou buscar um corpo padrão e sua per-
feição não podem ser aceitos totalmente, visto que elas
também são vítimas de uma violência simbólica. Por
outro lado, argumentos que remontam a ideia do lme
“matrix”38, de que as mulheres não fazem nada verda-
deiramente livre, pois aprisionadas em um arcabouço
de cultura de violência de gênero, também devem ser
vistos com ressalva, uma vez que, se assim fosse, se-
quer saberiam que são manipuladas, já que, como diria
Einstein, “tudo aquilo que se ignora não existe”. Portan-
to, é válido questionar o que há entre as antípodas do
livre-arbítrio e da coerção cultural.
A transformação que se faz necessária e urgente
não se refere à simples tomada de consciência a partir de
uma epifania capaz de fazer a verdade vir à tona. O que
realmente é preciso é unir esforços e conjugá-los a uma
transformação radical das condições sociais39, capazes
de (re) modelar as estruturas objetivas de dominação.
Referências
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Peppa corre risco de censura. Disponível em:
37 Ibidem, p. 54.
38 A matrix é uma realidade de sonhos criada por computadores
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39 Ibidem, p. 54.
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