Multipropriedade imobiliária nas smart cities

AutorThanyson Dornelas de Melo
Páginas111-159
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Capítulo 3
MULTIPROPRIEDADE IMOBILIÁRIA
NAS SMART CITIES
No capítulo 2, foi analisado o problema da expansão urbana.
Durante a abordagem, chamou-se a atenção para a existência de
diferentes modelos de desenvolvimento aplicáveis às cidades, na
busca de uma maior sustentabilidade. No entanto, para Harris;
Moore (2014), conforme foi assinalado, não é aconselhável a
aplicação de modelos estandardizados no planejamento de cidades.
Segundo esclarecem, seria mais produtiva a utilização de uma série
de ideias e de experimentos que se retroalimentassem e produzissem
melhores resultados em cada caso concreto, enfatizando:
It is hoped that the conceptual and critical
perspectives drawn together here might allow a
broader diversity of approaches, definitions,
histories and concepts around the sustainable
city to be flagged; ones that leave more room for
democratic experimentation, grassroots
innovations, vernacular sustainable design
initiatives and alternative forms of eco-urbanism
(HARRIS; MOORE, 2014, p. 107).18
Depreende-se, portanto, que o aspecto mais relevante desse
processo não reside na utilização padronizada de soluções, mas sim
18 Espera-se que as perspectivas conceituais e críticas reunidas aqui possam
permitir uma diversidade mais ampla de abordagens, definições, histórias e
conceitos em torno da cidad e sustentável; tais perspectivas deixam mais espaço
para experimentação democrática, inovações populares, iniciativas locais de
design sustentável e formas alternativas de eco-urbanismo (tradução livre).
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na operacionalização de objetivos comuns a serem alcançados a
médio e a longo prazo pelas smart cities. Dessa forma, é possível
avaliar o grau de desenvolvimento que cada uma poderá alcançar
neste terceiro milênio. Um dos objetivos deste capítulo é discutir a
norma ISO 37.120, já adotada pela Associação Brasileira de Normas
cnicas ABNT. Paralelamente, serão abordados os desafios que
as grandes cidades vêm enfrentando e o papel que a
multipropriedade imobiliária poderá exercer nesse novo cenário
mundial.
O conceito de smart cities (cidades inteligentes), segundo
Albino; Berardi; Dangelico (2015), foi usado pela primeira vez em
1990. À época, discutia-se a importância da infraestrutura de
informação, tecnologia e comunicação (ITC) para o
desenvolvimento das cidades modernas. O Instituto de
Comunicações Inteligentes da Califórnia, nos Estados Unidos, foi
um dos primeiros a estudar formas para o desenvolvimento
inteligente das comunidades. Analisou também modelos que
poderiam ser propostos para a implementação de tecnologias de
informação. No mesmo período, o Centro de Governança da
Universidade de Otawa, no Canadá, criticou o excesso de tecnicismo
no conceito de smar t cities. Entendeu que o foco da discussão não
deveria voltar-se unicamente para a utilização de tecnologia,
adotando-se uma nova visão. Defendeu uma abordagem
governamental que enfatizasse o papel do capital social e das
relações urbanas no desenvolvimento das cidades.
Em relatório denominado Founda tions for Smarter
Cities(Fundamentos para Cidades Inteligentes), pesquisadores
conceituaram smart city como uma cidade “instrumentada,
interconectada e inteligente”. Para Leite (2012, p. 174), cidade
inteligente seria aquela na qual “as funções básicas – estabelecer
trocas econômicas, sociais e culturais e gerar liberdade de vida e
locomoção são otimizadas por novas formas de tecnologia da
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informação e comunicação”. Já para Kumar (2015, p. 5) adota um
conceito mais abrangente, afirmando:
Smart cities a re well planned with innovations
and knowledge tha t develop extraordina ry
capabilities. They work all the time, i.e. 24 h and
7 days a week. Such a facility makes city citizens
to live and enjoy in a satisfactory way of life with
easy public ser vices, comfortable mobility,
conserving energy, clean environment and better
utilization of natural r esources19
Além dessas características gerais, a aplicação do conceito de
smart city deve levar em consideração as condições específicas de
cada país, haja vista as peculiaridades no tocante ao seu
desenvolvimento e às suas necessidades. Para Soares Neto (2019),
nos países em desenvolvimento, as cidades possuem uma
necessidade permanente de avaliação de sua estrutura urbana. Estas
devem ser modernizadas e adequadas às modernas configurações.
Por outro lado, nas cidades dos países desenvolvidos, a infraestrutura
instalada constitui um legado que não deverá simplesmente ser
descartado, levando-se em consideração os custos, o espaço utilizado
e outros fatores correlatos. Porém, em qualquer país, as ações
implementadas devem ser orientadas para o desenvolvimento
socioeconômico sustentável, conforme será abordado a seguir.
3.1 Economia e cidades do terceiro milênio
A evolução tecnológica que a humanidade está vivenciando,
especialmente a partir do início do século XXI, tem modificado
19 Cidades inteligentes são bem planejadas com inovações e conhecimentos, qu e
desenvolvem capacidades extraordinárias. Trabalha-se o tempo todo, ou seja, 24
horas e 7 dias por semana. Essa habilidade faz com qu e os cidadãos da cidade
vivam e desfrutem de um modo de vida satisfatório, com serviços públicos
adequados, mobilidade confortável, economia de energia, ambiente limpo e
melhor utilização dos recursos naturais (tradução livre).

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