A noite em que o direito encontrou a Netflix

AutorErnani Buchmann
CargoAdvogado
Páginas267-268
ALÉM DO DIREITO
267
REVISTA BONIJURIS I ANO 30 I EDIÇÃO 652 I JUN/JUL 2018
E eu respondi:
Sim! Quietinha!
Depois, conversando com a
Valentina, ela me disse que ficou
totalmente surda, igual no antigo
programa infantil do Silvio San-
tos, e que se a juíza perguntasse
se ela trocaria um carro importa-
do zero quilômetro por um pre-
go enferrujado ela responderia:
– Sim! Querem saber o resultado
do processo? Ganhamos, e a tes-
temunha que nos salvou foi a que
ficou muda na reunião no escritó-
rio. Oremos. n
Eduardo Mercer ADVOGADO
PESADELOS COM A FACULDADE
no DiA 17 De JAneiRo, casual-
mente lembrei que eram celebra-
dos 21 anos de formatura da mi-
nha turma da FDC – Faculdade
de Direito de Curitiba, atual Uni-
curitiba. Além de ser a comemo-
ração de um evento fundamen-
tal e libertador em minha vida, a
data serve de pretexto para lhes
relatar um tenebroso pesadelo
que tenho com certa frequência
desde aquela agradável noite
em que quase arremessei minha
borla pra fora do Tea tro Guaíra.
Reconheço não ter sido um
dos alunos mais aplicados, tanto
que precisei de dois semestres
adicionais para liquidar todas
as disciplinas. Mas o último pe-
ríodo foi bastante tranquilo, três
matérias, uma delas com apenas
uma aula semanal.
Não sei como a Unicuritiba
procede atualmente, mas nos
anos 1990 a FDC era implacável
no controle de frequência. Quem
vacilasse reprovava em faltas
sem piedade. Aí começa meu rei-
terado pesadelo: das minhas três
derradeiras disciplinas, na pri-
meira semana, faltei a todas. Na
segunda semana – as aulas eram
à noite, transcorria o rigoroso in-
verno de 1996… –, fui para só uma
das aulas. Na terceira semana,
finalmente passei a frequentar
duas disciplinas. E assim conse-
gui fazer nas semanas seguintes:
assistia às duas aulas e deixava
quase intacto o limite de faltas
para usar no fim do ano.
Até que lá pela sexta ou sé-
tima semana – em casa, à noite,
numa boa, curtindo um blues
– me lembrei daquela terceira
disciplina, com apenas uma aula
semanal, na qual eu nem havia
dado o ar da graça.
Positivamente desesperado,
calculando já estar reprovado
em faltas e consequentemente
impedido de me formar, corri
para a faculdade, então sediada
no calçadão da Senador Alen-
car Guimarães, esquina com a
Emiliano Perneta. Ao transpor
a roleta e chegar perto do edi-
tal, quando saberia se estava ou
não reprovado, eu acordava.
Esse pesadelo me perseguiu
nos últimos 21 anos, com mais in-
tensidade no período logo após
a formatura. De uns anos pra cá,
aparecia com um pequeno acrés-
cimo: percebo ainda estar no úl-
timo ano e me pergunto se nunca
vou conseguir me formar. Então
resolvo fazer as contas e concluo:
“Jesus amado, eu tô na faculdade
faz 26 anos! Já poderia ter me for-
mado cinco vezes!” O mais insóli-
to é, numa hora dessas, eu ainda
dominar a aritmética.
Certa feita contei meu pesa-
delo acadêmico em uma mesa
multidisciplinar – havia arquite-
tos, um engenheiro mecânico e
minha esposa, desenhista indus-
trial. Quase todos informaram
também ter esse tipo de pesade-
lo, mesmo diplomados há muito
tempo. n
Ernani Buchmann ADVOGADO
A NOITE EM QUE O DIREITO ENCONTROU A NETFLIX
A ADVoGADA ConCeiTUADA,
professora de processo civil, ha-
via aceito convite para realizar
conferência em um congresso so-
bre o novo CPC, promovido por
uma universidade estadual em
importante cidade paranaense.
Seria dali a uns 60 dias, mas a or-
ganização estava insistindo para
que ela definisse logo o tema a
ser abordado, para agilizar provi-
dências: confecção de material de
divulgação, envio de e-mails, no-
tícias para a imprensa, impressão
de certificados e todo o aparato
que cerca esse tipo de evento.

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