O perfil negociador de Toffoli pode prejudicar o supremo?

AutorFelipe Recondo
Páginas180-182
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O PERFIL NEGOCIADOR DE TOFFOLI
PODE PREJUDICAR O SUPREMO?
Felipe Recondo
13 | 09 | 2018
Novo presidente da Corte promete pontes
permanentes com Executivo e Legislativo.
Dias Toffoli repete à exaustão os mantras de sua gestão: autocon-
tenção, diálogo e negociação. No seu plano de voo, tem como pontos
cardeais duas presidências recentes do Supremo – dos ministros
Nelson Jobim e Gilmar Mendes. Ambos tocaram o tribunal como
se o Supremo Tribunal Federal (STF) estivesse a reboque da go
-
vernabilidade, ambos foram deferentes à política e ao Executivo,
negociando à luz do dia propostas e projetos que consideravam de
interesse do país.
Toffoli se vê da mesma forma: disse que o Judiciário não é motor
da sociedade, antecipou que baixará o tom da pauta do Supremo,
negociou politicamente com o presidente Michel Temer (MDB) o
aumento do salário da magistratura em troca do m do auxílio-moradia
e revelou que pretende conversar periodicamente com os presidentes
da Câmara dos Deputados e do Senado. Mas há uma diferença para
a qual é preciso se atentar.
No passado, Jobim e Mendes comandavam um tribunal ainda
pouco observado externamente. A discrição da Corte permitia que
os dois transitassem tranquilamente pela política sem a desconança
e cobrança públicas. Hoje, a sociedade escrutina o STF. O tribunal
está nas páginas dos jornais diariamente.
Os ministros são reconhecidos na rua e cobrados por suas posições.
Por isso, Toffoli enfrentará uma dúvida: esta sociedade compreenderá a
ostensiva atuação do presidente do STF junto à política? Ou enxergará
essas reuniões públicas como conchavo e falta de independência? É
possível ser Jobim no STF de hoje? E qual é o preço a pagar?

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