Há poder em um sindicato: como eu me tornei uma ativista trabalhista

AutorDrucilla Cornell
CargoProfessora Emérita de Ciências Políticas, Literatura Comparada e Estudos de Mulheres e Gênero na Rutgers University; Professora Extraordinária na Universidade de Pretoria, África do Sul; e professora visitante na Birkbeck College, Universidade de Londres.
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Rev. Direito e Práx., Rio de Janeiro, Vol.13, N.02, 2022, p.1355-1377.
Drucilla Cornell
DOI: 10.1590/2179-8966/2021/61906 | ISSN: 2179-8966
poder em um sindicato: como eu me tornei uma ativista
trabalhista
Drucilla Cornell¹
¹ Rutgers University, Nova York, Nova York, Estados Unidos. E-mail:
drucillacornell2@gmail.com. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-5578-295X.
Versão original:
CORNELL, Drucilla. “There is Power in a Union: How I Became a Labor Activist”, Regional Labor
Review, vol. 23, no. 1 (Fall 2020). © 2020 Center for the Study of Labor and Democracy,
Hofstra University. Disponível em: https://www.hofstra.edu/sites/default/files/2021-
07/how-became-activist-fall20-cornell.pdf . Acesso em 25 de agosto de 2021.
Tradução recebida em 28/08/2021 e aceita em 14/10/2021.
This work is licensed under a Creative Commons Attribution 4.0 International License
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Rev. Direito e Práx., Rio de Janeiro, Vol.13, N.02, 2022, p.1355-1377.
Drucilla Cornell
DOI: 10.1590/2179-8966/2021/61906 | ISSN: 2179-8966
Quando uma pandemia global, uma crise climática contínua e o autoritarismo americano
assustador parecem prometer um futuro sombrio, naturalmente se procura por qualquer raio
de esperança. Eventos recentes me encorajaram a dar uma nova olhada em sinais
encorajadores ao nosso redor, do ativismo juvenil, e reavaliar minha própria história como
uma jovem mulher nos movimentos trabalhistas e anti-guerra durante alguns de nossos anos
mais sombrios. Neste artigo, tentarei dar sentido a isso, para uma nova geração, na esperança
de que ela possa oferecer algumas perspectivas úteis sobre o cumprimento dos desafios que
todos enfrentamos hoje.
Meu ativismo, como tantos outros na minha geração, cresceu a partir das grosseiras
contradições entre o que os Estados Unidos supostamente representavam como líder do
"mundo livre" e as realidades brutais do racismo sistemático, do sexismo, do classismo e do
colonialismo no mundo. Nasci em 1950, o amanhecer de um prometido "Século Americano",
na terra natal sul californiana da John Birch Society
1
, uma organização anticomunista
militante. Foi uma época assustadora. Apenas cinco anos antes, os EUA lançaram bombas
atômicas que aniquilaram duas grandes cidades japonesas. E em 1950 a Rússia tinha sua
primeira arma nuclear, com mais países logo a seguir. Comecei a primeira série com o filme
O Susto Vermelho, que nos mostrou que os "comunistas" estavam em todos os lugares e atrás
de nós e da nossa "democracia". A ameaça de guerra nuclear com a União Soviética estava
sempre no horizonte. Membros do Partido Democrata eram condenados como comunistas
perigosos. Ser um "americano" era ser republicano. Branco significava anglo-saxão, ou a
fantasia que você era. Alegações conspiratórias e demonização de qualquer um que pensasse
diferente eram princípios fundamentais. Soa familiar hoje?!
Minha mãe me fez pintar o meu cabelo ruivo de loiro antes de entrar no jardim de
infância, porque vermelho estava associado a algum tipo de herança irlandesa, sendo um
marcador de que não éramos realmente e verdadeiramente "brancos". Havia uma definição
incontestável de mulheres: não se pode fazer. Mulheres não podem ser advogadas,
professoras, bombeiras, cientistas, matemáticas, e assim por diante. Um breve período como
professora primária era tudo o que você poderia esperar antes de se estabelecer como esposa
1
N.T.: na cidade de Indianápolis, Indiana/US.

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