O processo de urbanização e crescimento da cidade de Juiz de Fora e seus aspectos político-criminais na transição do século XIX para o XX

AutorEllen Rodrigues/Lívia Calderaro Garcia/Naiara Marques de Britto/Pedro Rivello da Costa Guimarães
Páginas9-55
1 O processo de urbanização e crescimento
da cidade de juiz de fora e seus aspectos
político-criminais na transição do
século XIX para o XX
Ellen Rodrigues
Lívia Calderaro Garcia
Naiara Marques de Britto
Pedro Rivello da Costa Guimarães
Juiz de Fora, situada na Zona da Mata mineira, é a quar-
ta maior cidade de Minas Gerais e dista cerca de 280 km da
capital, Belo Horizonte. Segundo o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), no ano de 2019, a popula-
ção estimada para o município era de 568.873 habitantes,
sendo o salário médio mensal dos trabalhadores correspon-
dente a 2,4 salários mínimos e os indicadores do Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) nos anos ini-
ciais e finais do ensino fundamental na rede pública corres-
pondendo a 5,6 e 4,1, respectivamente (MINISTÉRIO DA
EDUCAÇÃO, 2017a, 2017b).
O município integra uma importante malha viária de
acesso aos principais mercados consumidores e produtores
brasileiros, aos potenciais fornecedores e aos principais ter-
minais marítimos da região Sudeste. Entre os setores mais
aquecidos da economia local, destacam-se a indústria, o co-
9
mércio e o de serviços (CENTRO DE PESQUISAS SO-
CIAIS, 2012). A contribuição do setor industrial é da or-
dem de 34% do Produto Interno Bruto (PIB) da microrre-
gião e advém de seu diversificado parque produtivo, o qual
conta com empresas do setor automotivo, têxtil e vestuá-
rio, metalúrgico, químico e alimentar. Entre as empresas
mais representativas estão: Mercedes Benz, Belgo Mineira,
White Martins, Quirela Química do Brasil, Paraibuna de
Metais e Laticínios Candido Tostes. Salienta-se, ainda, o
setor da construção civil, que tem grande importância na
cidade (CHAVES, 2011, p. 156).
Além de destacadas instituições particulares de ensino,
o município conta também com uma Universidade Federal
que possui cerca de 50 opções de cursos de graduação, 32
de mestrado e 15 de doutorado, além de especializações,
MBA, residência e educação de base, figurando como im-
portante centro de conhecimento, cultura e geração de em-
prego e renda (CENTRO DE PESQUISAS SOCIAIS,
2012). Além disso, contemplando o ensino profissionali-
zante, a cidade sedia o Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia do Sudeste Mineiro (IFET)1.
Embora ainda seja considerada uma cidade importante
para a economia do estado, Juiz de Fora teve maior relevân-
cia na transição do século XIX para o XX, graças ao grande
crescimento econômico gerado pela cultura do café e pelo
pioneirismo na industrialização, motivo que, à época, ren-
deu à cidade a alcunha de Manchester Mineira. No início
10
1 Até 2009, a instituição era ligada à UFJF e tinha o nome de Colé-
gio Técnico Universitário.
do século XX, Juiz de Fora contava com uma área de in-
fluência que abrangia toda a Zona da Mata mineira e ainda
outros estados do país, o que decorreu, inicialmente, de sua
localização estratégica no período de extração aurífera no
estado e, a partir de 1850, da intensificação da cultura ca-
feeira na região. Porém, foi no contexto da industrialização
e das reformas urbanas promovidas no Brasil, na passagem
do século XIX para o XX, que a cidade teve seu auge eco-
nômico e populacional.
Para remontar a história de Juiz de Fora é necessário o
retorno às primeiras décadas do século XVIII, quando foi
criado o então chamado Caminho Novo, construído a man-
do da Coroa Portuguesa para evitar o contrabando de ouro
na região e facilitar a conexão entre Vila Rica (atual Ouro
Preto) e o porto do Rio de Janeiro, gerando, assim, a dina-
mização no escoamento do ouro da região. O Caminho
Novo, principal ponto de edificação do que seria mais tarde
a estrutura urbana de Juiz de Fora, permitiu que, ao longo
de sua extensão, surgissem pequenos povoados que, devido
ao aumento de circulação de mercadorias e pessoas, instala-
ram-se em suas margens, com destaque para os grupos que
deram origem às cidades de Barbacena e Matias Barbosa,
além do povoado de Santo Antônio do Paraibuna, hoje Juiz
de Fora.
No período imperial o crescimento da produção cafeei-
ra na região e o interesse em garantir seu escoamento e o
aumento dos fluxos migratórios em direção à Zona da Mata
exigiu melhorias nos acessos ao Caminho Novo, o que cul-
minou na contratação do engenheiro alemão Guilherme
Henrique Fernando Halfeld, encarregado de realizar as
obras. Na década de 1840, sob o comando de Halfeld, foi
11

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT