Para uma política dos 'meios puros': Walter Benjamin e a questão da violência

AutorSami Khatib
CargoBeirut Institut for Critical Analysis and Research e pesquisador independente. Foi professor assistente de Artes Visuais da American University of Cairo (2019-2020). Foi pesquisador visitante e realizou estágio pós-doutoral na Leuphana Universität of Lüneburg, Alemanha (2017-2019). Foi professor visitante em Filosofia e Estética na Academy of ...
Rev. Direito e Práx., Rio de Janeiro, Vol. 11, N. 03, 2020, p. 1873-1901.
Sami Kathib
DOI: 10.1590/2179-8966/2020/53002| ISSN: 2179-8966
1873
Para uma política dos “meios puros”: Walter Benjamin e a
questão da violência
Towards a politics of “pure means”: Walter Benjamin and the question of Violence
Sami Khatib1
1 Beirut Institut for Critical Analysis and Research, Beirute, Líbano. E-mail: sami.khatib@fu-
berlin.de. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-4949-5038.
Artigo recebido em 20/07/2020 e aceito em 30/07/2020.
This work is licensed under a Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Rev. Direito e Práx., Rio de Janeiro, Vol. 11, N. 03, 2020, p. 1873-1901.
Sami Kathib
DOI: 10.1590/2179-8966/2020/53002| ISSN: 2179-8966
1874
Resumo
Discutindo os conceitos de Benjamin de meios puros e violência divina, este artigo levanta
a questão de como podemos pensar em um domínio de política revolucionária fora e além
do direito uma esfera de justiça e de violência não legal. Para Benjamin, estava claro
que havia algo de fundamentalmente “podre no direito” – seja este o direito da
monarquia, da democracia ocidental ou de regimes autocráticos. A violência inerente ao
direito contradiz-se a si mesma, uma vez que a aplicação do direito por exemplo, pela
polícia sempre borra a linha entre a violência mantenedora e integradora do direito. Por
outro lado, a maioria das tentativas de romper o direito e seus poderes de sustentação
conduz ao estabelecimento de um novo direito. Contra a ciclo “mítico” da violência/poder
(“Gewalt”) de instauração e preservação do direito, Benjamin busca uma violência não-
violenta, pura, que possa interromper a aplicação do direito à vida. Esse artigo argumenta
que a leitura de Werner Hamacher do ensaio de Benjamin como aformativo oferece uma
possível estrutura para compreender a noção paradoxal de Benjamin de “meios puros”.
Palavras-chave: Direito; Meios Puros; Walter Benjamin.
Abstract
Discussing Benjamin’s concepts of pure means and divine violence, this article poses the
question of how we c an think of a realm of revolutionary politics outside and beyond of
the law a sphere of justice and non-legal violence. For Benjamin, it was clear that there
was something fundamentally “rotten in the law” be it the l aw of monarchy, western
democracy or autocratic regimes. The violence inherent to the law contradicts itself since
law enforcement e.g. the police always blurs the line between law-preserving and law-
making violence. Conversely, most attempts to break the law and its supporting powers
lead to the establishment of a new law. Against the “mythic” cycle of law-making and law-
preserving violence/power (“Gewalt”) Benjamin searches for a nonviolent, pure violence
that could interrupt the applicat ion of law to life. This article argues that Werner
Hamacher’s reading of Benjamin’s essay as “afformative” provides a possible structure to
understand Benjamin’s paradoxical notion of “pure means”.
Keywords: Law; Pure Means; Walter Benjamin.

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT