Viver, em primeira pessoa: Reflexões sobre biopotência e possibilidades de resistência biopolítica To live, in first person: Reflections on biopotency and possibilities of biopolitical resistance

AutorMaiquel Ângelo Dezordi Wermuth, Emanuele Dallabrida Mori
CargoMaiquel Ângelo Dezordi Wermuth: Doutor e Mestre em Direito pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS). Especialista em Direito Penal e Direito Processual Penal e Bacharel em Direito pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ). Coordenador do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Direito ? ...
Rev. Direito e Práx., Rio de Janeiro, Vol.13, N.02, 2022, p.861-892.
Maiquel Ângelo Dezordi Wermuth e Emanuele Dallabrida Mori
DOI:10.1590/2179-8966/2020/49634| ISSN: 2179-8966
861
Viver, em primeira pessoa: Reflexões sobre biopotência e
possibilidades de resistência biopolítica
To live, in first person: Reflections on biopotency and possibilities of biopolitical
resistance
Maiquel Ângelo Dezordi Wermuth¹
¹ Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, Ijuí, Rio Grande do
Sul, Brasil. E-mail: madwermuth@gmail.com. ORCID: http://orcid.org/0000-0002-7365-
5601.
Emanuele Dallabrida Mori²
² Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, Ijuí, Rio Grande do
Sul, Brasil. E-mail: emanueledmori@gmail.com. ORCID: http://orcid.org/0000-0002-
8430-7207.
Artigo recebido em 29/03/2020 e aceito em 11/01/2021
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Rev. Direito e Práx., Rio de Janeiro, Vol.13, N.02, 2022, p.861-892.
Maiquel Ângelo Dezordi Wermuth e Emanuele Dallabrida Mori
DOI:10.1590/2179-8966/2020/49634| ISSN: 2179-8966
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Resumo
O presente artigo visa a desenvolver uma reflexão sobre possibilidades de resistência ao
poder biopolítico em curso na sociedade atual. Questiona-se se é possível vislumbrar
tais possibilidades em alguns modos de vida e em diferentes experiências sociais,
tomando-se como exemplo práticas de moradores de rua, atitudes e movimentos de
jovens em diferentes contextos e a Marcha das vadias. Objetiva-se investigar de que
forma grupos marginalizados ou subalternizados produzem resistências por meio dos
seus diferentes modos de vida, de suas especificidades e da maneira como se expressam
e, assim, logram esquivar-se, ainda que fugazmente, dos mecanismos biopolíticos que
captam a vida e sua energia para utilizá-la como seu insumo. Analisam-se conceitos
como sociedade disciplinar, biopolítica, vida nua, forma de vida e multidão, a fim de
verificar, a partir de uma base teórico-filosófica, se de fato é possível entrever esboços
de resistência nos exemplos escolhidos. O que se registra é que, embora em momentos
efêmeros, várias formas de expressão, comportamento e organização logram exercer
uma subversão a esse poder que paira e se encontra inseparável da vida, revelando uma
potência de vida, uma biopotência. O método de abordagem utilizado é o hipotético-
dedutivo, em uma pesquisa do tipo exploratória em que se adota procedimentos tais
como seleção da bibliografia que forma a base teórica, além da leitura e reflexão de
pesquisas que tratam sobre esses modos de vida anteriormente citados.
Palavras-chave: Experiências sociais; Biopolítica; Potência de vida; Resistência.
Abstract
The following article strives to develop a reflection on the possibilities of resistance to
the biopolitical power ongoing in today’s society. It is questioned if these possibilities
can be glimpsed in some ways of live and in different social experiences, taking as
examples practices from homeless people, activities and mobilizations carried out by
young people in different contexts and the Slutwalk. The objective is to investigate in
what ways marginalized or subalternized groups produce resistance by means of their
different ways of life, of their specificities and the way how they express themselves,
and, thus, manage to escape, although fleetingly, from the biopolitical mechanisms that
capture life and its energy to use it as its supply. For this purpose, concepts such as
disciplinary and biopolitical society, naked life, form of life and multitude are briefly
analyzed, in order to verify, from a theoretical-philosophical basis, whether it is possible

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