Agentes químicos

AutorTuffi Messias Saliba
Ocupação do AutorEngenheiro Mecânico
Páginas147-250

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Segundo a NR-09, os agentes químicos são substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no organismo pelas vias respiratórias na forma de poeira, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores ou que, pela natureza da atividade e exposição, possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo através da pele ou por ingestão.

Na avaliação quantitativa dos agentes químicos, há duas etapas: levantamento de campo e análise das amostras em laboratório. Os métodos do NIOSH, OSHA, FUNDACENTRO, entre outros, estabelecem o procedimento de coleta de dados no campo e análise laboratorial. Esses procedimentos devem ser seguidos rigorosamente de forma a minimizar os erros na quantificação.

A escolha do laboratório é fundamental na busca de melhor exatidão dos resultados. No Brasil, as avaliações de campo evoluíram bastante nos últimos anos, no entanto, na higiene analítica, as opções de laboratório especializado são restritas, devido ao alto custo da instrumentação utilizada nas análises das amostras.

Os laboratórios de higiene ocupacional analíticos devem ser construídos observando-se os padrões de qualidade, devendo os analistas ser especializados em higiene ocupacional e segurança de maneira a realizar as análises do trabalho com técnicas analíticas adequadas, além de serem comprometidos com a importância das análises na caracterização do risco à saúde dos trabalhadores.

Na avaliação de campo, o higienista também deve adotar os procedimentos técnicos adequados e ter comprometimento com a importância desse trabalho na prevenção das doenças ocupacionais. O reconhecimento dos riscos químicos é fundamental, pois é a base das avaliações quantitativas e qualitativa. Assim, nessa etapa, o higienista deve realizar análise do processo, composição química dos produtos envolvidos, forma de contato, entre outros. A consulta da FISPQ (Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químico) também é importante na investigação da composição do produto, toxicidade, riscos e medidas de proteção a serem adotadas. A partir dessa análise, o técnico define o tipo de substância em que deverá ser realizada a avaliação quantitativa e, por via de consequência, o método a ser aplicado.

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1 - Conceitos, definições e classificação

- Gases

É a denominação dada às substâncias que, em condições normais de temperatura e pressão (25ºC e 760 mmHg), estão no estado gasoso. Ex.: hidrogênio, oxigênio e nitrogênio.

- Vapores

É a denominação às substâncias, que em condições normais de temperatura e pressão (25ºC e 760 mmHg), encontra-se no estado líquido ou sólido. Ex.: vapores de água, vapores de gasolina.

É importante salientar que a concentração de vapores de uma substância, a uma determinada temperatura, não pode aumentar indefinidamente. Existe um ponto máximo denominado saturação, a partir do qual qualquer aumento na concentração transformará o vapor em líquido ou sólido.

A principal diferença entre gases e vapores é a concentração de cada um que pode existir no ambiente. Como para Higiene do Trabalho as concentrações que interessam são pequenas, situando-se normalmente abaixo da concentração de saturação, não se torna necessário distinguir os gases dos vapores, sendo os dois estudados de uma só vez.

- Particulado

De forma ampla, o material particulado contaminado é todo aquele aerossol que se encontra em suspensão no ar e possível de ser nocivo à saúde. De acordo com sua formação, os particulados podem ser classificados como sólido ou líquido. Como particulados líquidos, temos as névoas e as neblinas e como particulados sólidos as poeiras (fibras) e os fumos.

- Poeira

São partículas sólidas produzidas por ruptura mecânica de um sólido, seja pelo simples manuseio (limpeza de bancadas) ou em consequência de uma operação mecânica (trituração, moagem, peneiramento, polimento, entre outras).

Ex: poeira de sílica, asbesto e carvão.

- Fumos

São partículas geradas termicamente, formadas por condensação de vapores, em geral após volatilização de substância fundida, frequentemente acompanhada de reação química, tal como oxidação.

Ex.: fumos de Pb (chumbo) - soldagem de terminais de baterias;

fumos de Zn (zinco) - galvanoplastia.

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- Névoas

Névoas são partículas líquidas produzidas por ruptura mecânica de líquido.

Ex.: névoa de tinta - resultante de pintura a pistola.

- Neblinas

São partículas líquidas produzidas por condensação de vapores de substâncias que são líquidas à temperatura ambiente.

- Fibras

São partículas sólidas produzidas por ruptura mecânica de sólidos, que se diferenciam das poeiras porque têm forma alongada, com comprimento três a cinco vezes superior ao seu diâmetro. Exemplos:

Animal - lã, seda, pelo de cabra e camelo

Vegetal - algodão, linho, cânhamo

Mineral - asbestos, vidros e cerâmica

Deve-se salientar que essa classificação é apenas para facilitar a compreensão, pois, do ponto de vista da higiene, muitas vezes a maneira como as partículas são originadas para fins de avaliação e controle não é significativa.

2 - Parâmetros utilizados nas avaliações de particulados e gases e vapores
2. 1 - Tamanho das partículas

O tamanho das partículas é fundamental na avaliação de poeiras, vez que dele dependem os efeitos na saúde, o tempo em que as partículas ficam em suspensão, entre outros. A ACGIH (American Conference of Governmental Industrial Hygienists), há muitos anos, tem recomendado o limite de tolerância por seleção de partículas (respiráveis) para sílica cristalizada, pois há uma associação bem estabelecida entre a silicose e as concentrações de poeira respirável. A ACGIH vem analisando outras substâncias químicas visando definir a fração de tamanho melhor relacionada ao efeito sobre à saúde. O objetivo é estabelecer o limite de exposição em função do tamanho da partícula. Atualmente, a ACGIH recomenda vários limites para fração respirável torácica e inalável.

Segundo a ACGIH os limites de exposição em função do tamanho das partículas são expressos em três formas:

- Inalável;

- Torácica;

- Respirável.

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O quadro a seguir mostra os tipos de poeira em função do diâmetro aerodinâmico das partículas

  1. Partícula respirável

São as partículas que conseguem penetrar na região de troca de gases do pulmão. Esse tipo de particulado é o de mais alto risco, pois pode alcançar os alvéolos pulmonares. O diâmetro das partículas é menor que 10µm.

b) Partícula inalável

São partículas que ficam depositadas em qualquer lugar do trato respiratório, normalmente menores 100µm.

c) Particulado torácico

São partículas que oferecem risco quando depositadas em qualquer lugar no interior das vias aéreas dos pulmões e da região de troca de gases. Constituídas de partículas de diâmetro menor que 25µm.

d) Particulado total

É todo o material em suspensão no ar, independentemente do tamanho das partículas. A NR-15 estabelece o limite para sílica livre cristalizada e para particulados total e respirável. A ACGIH recomenda o limite de tolerância para poeira total para vários tipos de poeira, embora haja tendência a fixar todos os limites para fração respirável, inalável ou torácica.

2. 2 - Limite de tolerância

Entende-se por limite de tolerância a concentração máxima ou mínima relacionada à natureza e ao tempo de exposição ao agente, que não causará danos à saúde do trabalhador durante sua vida laboral (subitem
15.1.5 da NR-5).

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  1. Limite de exposição - média ponderada pelo tempo

É a concentração média ponderada pelo tempo para uma jornada de trabalho de repetidamente 8 horas diárias e 44 semanais, à qual acredita-se que a maioria dos trabalhadores pode estar exposta repetidamente dia após dia, durante toda vida de trabalho, sem sofrer efeitos adversos à saúde.15

b) Limite de exposição de curta duração

Segundo a ACGIH, é um limite definido como a exposição média ponderada pelo tempo de 15 minutos que não pode ser excedida em momento algum da jornada de trabalho, mesmo que a concentração média ponderada esteja dentro do limite de tolerância - média ponderada TWA. Exposições acima do limite - média ponderada...

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