Alerta, críticas e reflexão

AutorAugustinho V Paludo/Antonio G Oliveira
Páginas145-151
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ALERTA, CRÍTICAS E REFLEXÃO
3.1 ALERTA AOS GESTORES PÚBLICOS
É grande a rotatividade de altos gestores na administração pública brasileira – al-
guns por terem mandato de prazo fixo, outros pela volatidade da vontade política que
antecede e sustenta sua designação. Com a extinção do mandato, e com a frequente mu-
dança nas forças políticas, ocorrem também as mudanças dos altos gestores públicos.
Contudo, das autoridades de alto escalão não temos receio; elas já acumularam ca-
pitais (políticos, sociais, financeiros etc.) suficientes e, com base nisso, já conquistaram
sua fatia de poder e de bem-estar – portanto, agora como gestores máximos das institui-
ções públicas tentarão fazer o melhor possível para colocar seu nome na história.1 O que
preocupa são os “assessores diretos”: um grupo de pessoas que, de alguma forma, cercam
as grandes autoridades, atuam de forma “orquestrada” e influenciam suas decisões.
Sabendo-se que não há organizações sem pessoas, cabe então aos gestores o reco-
nhecimento e a valorização de suas equipes técnicas, das lideranças em geral, e das pes-
soas que detém o conhecimento nos órgãos e entidades públicas, não se deixando levar
pelas “falsas” facilidades surgidas a partir de dificuldades plantadas por quem não detém
o conhecimento e nem o compromisso com o retorno social àqueles que são os detento-
res do poder estatal: o povo, o shareholder do Estado, mitigando-se, assim, a supremacia
do interesse público que deve ser a essência norteadora das ações de todos os servidores,
independentemente dos cargos e níveis ocupados, pois acima deles está, reprise-se, o
interesse público.
Registre-se, assim, que a informação primária é sempre necessária, mas ela pode
ser distorcida no meio do caminho para atender interesses pessoais ou corporativos de
“assessores. O problema, portanto, pode não estar – e normalmente não está – em meto-
dologias e em instrumentos de Governança, gestão e planejamento, mas no modo como
são utilizados para atingir objetivos – ou para impedir que alguns objetivos sejam al-
cançados.
Nesse sentido, a preocupação dos gestores da alta administração deve estar, além de
garantir as condições técnicas de concepção e execução de planos, em encontrar meios
de mapear e controlar a influência de interesses pessoais ou de propósitos contradi-
tórios em relação às diretrizes definidas pela Governança e/ou alta administração e que
servem de base para a elaboração do planejamento estratégico, para as decisões secundá-
rias e para as equipes de coordenação e execução.
Os insucessos da Governança, da Administração e do Planejamento são, pois, mais
dependentes da escolha adequada de assessores e demais lideranças comprometidos com
1. Essa é opinião pessoal dos autores, e, é claro, existem exceções – tanto para autoridades como para “assessores”.
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