As revoltas do nosso hino

AutorErnani Buchmann
Páginas244-244
244 REVISTA BONIJURIS I ANO 34 I EDIÇÃO 678 I OUT/NOV 2022
ALÉM DO DIREITO
BROCARDOS
Vincit omnia veritas.
(A verdade tudo vence ).
Gratia argumentandi.
(Pelo prazer de
argumentar).
Citatio est fundamentum
totius judicii.
(A citação é o fundamento
de todo o direito).
Bis peccat qui crimen
negat.
(É culpado duas vezes quem
nega um crime).
Verba volant scripta
manent.
(Palavras faladas voam
para longe, palavras
escritas permanecem).
Intellectus absurdus est
vitandus.
(A inteligência absurda deve
ser evitada).
“A força do direito deve superar
o direito da força”
(Rui Barbosa)
TRÊS CITAÇÕES
VENENOSAS
A única jornada impossível é a
que você nunca começa.
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s
As mais célebres injustiças são
aquelas travestidas de justiça.
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s
O juiz não é nomeado para
fazer favores com a justiça,
mas para julgar segundo as
leis.
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AS REVOLTAS DO NOSSO HINO
OHino do Paraná foi, du-
rante muitos anos, rele-
gado ao segundo escalão
dos hinos. Pouco tocado nas
escolas, ele era protagonista
apenas na Assembleia Legis-
lativa, onde sempre foi execu-
tado nas sessões. Na década
passada, uma lei estadual tor -
nou obrigatória sua apresen-
tação em todos os espetácu-
los públicos no Paraná.
Foi assim que a obra de
Bento Mossurunga e Domin-
gos Nascimento passou a
fazer parte do nosso cotidia-
no. Mas, talvez, o hino tenha
lá suas idiossincrasias e de-
monstre certo ressentimento
pelos anos de quase esqueci-
mento.
Nas solenidades da OAB,
em que é peça de rigor, ele às
vezes resolve se revoltar. Foi
assim em Paranaguá, na posse
da nova diretoria da subseção
do estado. A presidente que
deixava o cargo, Dora Maria
Schuller, recebeu uma emocio-
nante homenagem dos advo-
gados locais, na qual a canção
Maria, Maria, de Milton Nasci-
mento e Fernando Brant, foi a
marcante trilha sonora.
Quando chegou a hora de
executar o Hino do Paraná,
com todos em posição de res-
peito, surpresa: Maria, Maria
voltou em grande estilo. Cor-
reria, zum zum zum, alguns
sorrisos e, enfi m, foram ouvi-
dos os acordes do nosso hino
ciumento.
Em Londrina, ele resol-
veu engasgar, mas foi con-
tido a tempo. em Nova
Esperança, as pessoas foram
surpreendidas pela execução
de um mantra oriental. An-
tes que as pessoas tentassem
sentar na posição de lótus, o
DJ trouxe o hino à tona.
Mas foi na primeira das
posses, em Maringá, que ele
fez o mais bem-sucedido
dos seus desaparecimentos,
quando se esperava que des-
se o toque solene ao fi nal da
cerimônia. Público em pé e
nada do hino. O sonoplasta
já suava por todos os poros
quando o presidente José
Augusto Araújo de Noronha
fez um desafi o aos presentes.
— Vamos lá, alguém na
plateia é voluntario para
cantar o nosso hino?
Silêncio constrangedor
na plateia. Noronha não teve
dúvidas:
— Então o presidente vai
declamar. “Entre os astros
do cruzeiro és o mais belo a
fulgir; Paraná, serás luzeiro,
avante para o porvir”. Está
encerrada a sessão.
Dizem que até o hino
aplaudiu.
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