A École Nationale d'Administration como expressão do modelo francês: uma comparação necessária

AutorFernando de Castro Fontainha - Pedro Heitor Barros Geraldo - Alexandre Veronese - Camila Souza Alves - Beatriz Helena Figueiredo - Joana Waldburger
Páginas113-124
5a. Comparar, mas como?
O método comparativo é de uso corrente em diversas áreas do conhecimento
e experimenta uma enorme gama de variações e nuances. Na área do direito,
onde ganhará o nome de “comparatismo” ou “Direito Comparado”, está pro-
fundamente ligado à ideia de modelo. Mais que a tentativa de compreender
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mais marcantes, a ideia de modelo carrega um importante componente nor-
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exemplar, pautado na necessidade instrumental — e, portanto, eventual — de
importação de algum instituto jurídico estrangeiro (por vezes chamado pelos
juristas de “alienígena”). Esta não será nossa abordagem, pois não pretende-
mos tentar extrapolar uma crítica ao sentido institucional atribuído à seleção
de funcionários públicos no Brasil a uma pretensa necessidade de fazer como
o fazem os franceses.
Nossa abordagem será mais próxima àquela da área das ciências sociais,
para a qual o método consiste na sistematização do enfoque em termos de
categorias através da explicitação dos parâmetros da comparação, como resu-
miu Cécile Vigour (2005: 7). A autora também expõe que, diferentemente da
analogia ou da homologia, a comparação em ciências sociais é um processo
pelo qual não há “comparação impossível”, uma vez que é o trabalho do pes-
quisador que permitirá a construção de paralelos, conexões e confrontações
entre os objetos (Idem: 8). Desta forma, tentaremos comparar os desenhos
institucionais da seleção de funcionários públicos no Brasil e na França, tendo
por parâmetros básicos (1) a homologia de obrigações e expectativas em torno
das habilidades e competências esperadas deles nos dois países e (2) o fato
de se tratar de processos seletivos particularizados pelo monopólio do Estado
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Além disso, ressaltamos que nossa abordagem pretende ainda se aproxi-
mar da noção antropológica de comparação. Conhecida como antropologia es-
trutural, houve uma tradição etnológica preocupada em descrever os atributos
5 — A ÉCOLE NATIONALE D’ADMINISTRATION COMO
EXPRESSÃO DO MODELO FRANCÊS: UMA COMPARAÇÃO
NECESSÁRIA

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