A Construção do Estado Plurinacional Boliviano: marxismo e indianismo

AutorErica Magalhães Pinto Ravanetti
Ocupação do AutorMestranda em Economia Política Internacional (UFRJ)
Páginas413-433
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Capítulo 16
A Construção do Estado
Plurinacional Boliviano:
marxismo e indianismo
Erica Magalhães Pinto Ravanetti
Mestranda em Economia Política Internacional (UFRJ)
Introdução
Em tempos de virada conservadora na América
latina, esse artigo se propõe a investigar um dos
governos de esquerda que ainda resi stem. Há pouco
mais de 12 anos no poder o governo de Evo Morales
enfrenta atualmente uma das conjunturas políticas
mais desfavoráveis na América do Sul. Em meio a este
contexto o caso Boliviano adquire ainda mais relevância
dentro do continente, precisamente o que motivou esta
investigação sobre a sua formação, influências teóricas
e estrutura institucional.
Este artigo tem como objetivo analisar a
construção do Estado Plurinacional Boliviano de uma
perspectiva centrada no marxismo e no indianismo, que
são no presente trabalho entendidas como duas das
grandes forças formadoras nesse processo. Estas
reflexões estabelecerão um diálogo com autores que
trataram sobre esta questão na américa latina no geral,
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mas principalmente na Bolívia, entre as principais obras
consultadas estão: Sete ensaios de interpretação da
realidade peruana de Mariátegui, os principais
trabalhos de René Zavaleta Mercado e também artigos
e livros do atual vice presidente da Bolívia Álvaro García
Linera.
A partir de 2005 com a eleição de Evo Morales
para presidência da Bolívia, se iniciou um processo de
transformação nas estruturas sociais, econômicas e na
organização do Estado Boliviano. A ascensão de um
líder político de origem indígena, representante da
grande maioria da população1, foi a materialização de
um movimento em marcha já algum tempo. Os
governos neoliberais na Bolívia nas últimas décadas do
século passado trataram de seguir a cartilha,
implantando uma série de reformas que tiveram um
efeito devastador sobre a população. Os protestos em
massa e a instabilidade política, com a deposição de dois
presidentes no início dos anos 2000 demonstram a
insatisfação da população com a forma com a qual vinha
sendo administrado o Estado, principalmente no que
diz respeito aos hidrocarbonetos.
Essa nova onda nacionalista que coloca Evo no
poder não é articulada nem pelas forças armadas nem
pelos setores de classe média da população mas sim
1 De acordo com o relatório da CEPAL com estimativas de 2010 a
população boliviana é composta por 62,2% de população
indígena, cerca de 6 216 026, ver mais em: Relatório das Nações
Unidas: Os Povos Indígenas na América Latina Avanços na última
década e desafios pendentes para a garantia de seus direitos.

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