Governança corporativa de informações geográficas no setor elétrico

AutorCleice Edinara Hübner
Ocupação do AutorGeógrafa formada pela Universidade Estadual de Santa Catarina (UDESC)
Páginas57-72
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GOVERNANÇA CORPORATIVA
DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS
NO SETOR ELÉTRICO
Cleice Edinara Hübner*2
1 INTRODUÇÃO
Já é conhecido que a informação geográfica possibilita ações ma is efica-
zes, decisões ma is seguras e incrementos na lucrat ividade. Sabe-se que cerca de
80% dos dados de uma empresa est ão relacionados à localização e esti ma-se que
a informação geog ráfica melhora o rendimento econômico em tor no de 15%.
A informação geográfica tem se most rado um recurso valioso para
tomada de decisão no setor elétrico devido à d iversidade de atividades de
atuação das empresas que estão atreladas ao conheci mento e controle do
território onde prospec tam, implantam e operam seus empreend imentos.
De acordo com a literatura especializada, os Geographic Infor mation
System s (GIS) ou os Sistemas de Informação Geográfica (SIG) possibilitam a
empresas e gestores olhar para os problemas espacialmente trazendo como
benefícios a melhoria d a eficiência, da tomada de decisão, do planejamento,
da comunicação e da colaboração e ao mesmo tempo gera t ransparência
(PARR et al., 2012).
O gerenciamento eficaz da infor mação geográf ica faz a di ferença nos
ambientes altamente competitivos. Não é por acaso que muitas empresas do
setor elétrico estão util izando o GIS em seus processos de negócio, bem como
* Geógrafa for mada pela Universidade E stadual de Santa Cata rina (UDESC). Mes-
tre em Cadastro Técnico Multif inalitário e Gestão Territoria l na Universidade
Federal de Santa Cat arina (UFSC). Há ma is de 11 anos atua nas áreas de l icencia-
mento ambiental, ge stão fundiária e geopr ocessamento da CGT Eletrosul, em-
presa de geração, tr ansmissão e comercial ização de energia com atuação na re-
gião Sul e no estado de Mato Grosso do Sul (MS). Há oito anos coordena o
Comitê de Geoprocessa mento da CGT Eletrosul.
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muitas inst ituições públicas que têm relação diret a com o setor de energia têm
usado o GIS em seus processos de reg ulação e licenciamento, como os proces-
sos de regulação d a Aneel e de licenciamento dos órgãos ambientais.
Deve-se também considerar que a pad ronização dos processos de ges-
tão de informações geográficas é uma tendência naciona l e internacional e
que, de forma direta ou indireta, esses padrões serão exigidos no contexto
do setor elétrico.
Neste cenário, é fundamental e estratégico que as empresas i niciem
uma mobilização para a adoção destes padrões por meio da gestão sistema-
tizada, visando o atendimento i mediato aos órgãos reguladores de maneira
transpa rente e evitando consequentes multas e punições.
No entanto, a implantação de um GIS implica gastos elevados com
infraestrutur a, software, dados e base cartogr áfica que muitas vezes são in-
vestidos por diversas ár eas da mesma empresa, por meio de iniciativas i sola-
das, e que precisam ser racionalizados, considerando uma governança cor-
porativa de dados e informações geográf icas, em que o GIS passa a estar
relacionado à coletividad e (corporativo) em vez da indiv idualidade.
Desse modo, a organi zação de dados e informações de forma integ rada
e padronizad a torna-se essencial para con struir um proces so adequado de aces-
so às informações geográficas, ou seja, no momento certo, com qualidade e
facilidade de aces so. Semelhante a qualquer outro sistema cor porativo, um GIS
deve estar à disposição da empresa como um todo. Para isso, deve ser assegu-
rado que a solução GIS corporativa esteja compatível com a visão e a m issão da
empresa, sendo, portanto, al inhada com o planejamento estratégico des ta.
Gerir in formação geográfica envolve gerencia r os seus insumos (dados)
e admin istrar os aspectos humanos e tecnológicos rel acionados com a produ-
ção, a organização, o processamento, a dissemi nação e o uso da informação.
Sendo assim, não basta transformar o GIS em ferramenta de negócio da em-
presa, é também necessário defin ir e implantar uma política de responsabili-
dades e acesso aos dados, o que cham amos aqui de “governança corporativa”.
Neste sentido, em 2012, a CGT Eletrosul in iciou um trabalho contínuo
de estudos e projetos para impla ntação de um banco de dados geográf ico cen-
trali zado e na definição de normatização que discipline e oriente a aquisição,
organiz ação, atualização, acesso e uso d e informações geográ ficas na Empresa.
Este artigo t em o objetivo de relatar est a experiência para que outras
empresas do setor elétrico possa m alavancar os seus processos de governan-
ça corporativa de dados e i nformações geográfica s, por intermédio da evolu-
ção do GIS na empresa, bu scando torná-lo corpor ativo.
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