Grafias: online, estresse, experto, conta corrente e poupança

AutorMaria Tereza de Queiroz Piacentini
CargoLicenciada em letras e mestre em educação pela UFSC. Revisora da Constituição de Santa Catarina de 1989
Páginas252-252
252 REVISTA BONIJURIS I ANO 32 I EDIÇÃO 667 I DEZ20/JAN21
Grafias: online, estresse, experto, conta
corrente e poupança
A Academia Brasileira de Letras e alguns
dicionários brasileiros apresentam a
grafia com hífen: on-line. Entretanto o
VOLP – Vocabulário Ortográfico da Língua
Portuguesa (2009) não traz nenhum registro,
até porque, sendo oficial, ele só deve legislar
sobre a ortografia da língua nacional. E, como
eles mesmos atestam, trata-se de palavra
inglesa; mas a grafia correta em inglês é
online! Portanto é online que devemos
escrever, a não ser que seja feito o seu
aportuguesamento; neste caso a forma a ser
dicionarizada teria que conter o grafema
correspondente a esse fonema, assim:
“onlaine”. Quanto ao itálico, não é necessário,
pois online é termo corrente no Brasil.
***
A forma em português já está oficializada faz
tempo: é estresse, de onde derivam estressado
e estressante. Deve-se evitar a grafia inglesa
(stress), embora seja assim a pronúncia mais
comum no Brasil.
***
Para designar a pessoa com larga experiência
em determinado assunto temos a palavra
experto, que na sua origem latina (expertus)
diz respeito a “ensaiar, experimentar”.
Portanto seria a designação ideal para quem
conhece a fundo algum tema específico.
Todavia, como a pronúncia de experto é a
mesma de “esperto”, até ensejando explicação
na hora de uma fala ou leitura, prefere-se
utilizar o termo especialista ou perito.
***
Em alguns dicionários atuais encontra-se
a forma hifenizada conta-corrente para
designar o contrato com um estabelecimento
bancário que vai proporcionar o direito de
utilizar seus serviços. Porém a melhor grafia,
de acordo com os preceitos gramaticais, é
conta corrente, sem hífen, pois se trata não de
substantivo composto, mas de um substantivo
qualificado por um adjetivo, a exemplo de
conta bancária, conta conjunta, conta aberta,
conta especial... Antigamente era assim. Na
pesquisa que fiz nos meus dicionários em
papel não encontrei o tal do hífen que no
início do séc. 21 os bancos (não os clientes)
começaram a usar.
Até mesmo no dicionário Aurélio lançado
em 2009 encontramos conta corrente. Mas
o Houaiss em 2001 começa a registrar conta-
corrente. Deve ter sido um lapso, e assim ficou.
Agora vejo que o corretor ortográfico aponta
como erro a grafia hifenizada. Que bom!
Estava mesmo na hora de descomplicar.
Em relação à “conta poupança”, por coerência
a grafia deveria ser conta-poupança, pois
se trata de dois substantivos ligados sem a
preposição, o que é igual a dizer: conta para
poupança. Mas não estou clamando o uso do
hífen a esta altura (para que complicar?), até
porque se usa a palavra poupança sozinha
para designar esse tipo de conta, uma redução
de “caderneta de poupança”. A ver:
Meu avô pagou os óculos com dinheiro da
poupança.
O casal abriu uma poupança para a filha
quando ela tinha 5 anos de idade. n
Maria Tereza de Queiroz Piacentini
LICENCIADA EM LETRAS E MESTRE EM EDUCAÇÃO PELA UFSC. REVISORA DA CONSTITUIÇÃO DE SANTA CATARINA DE 1989
linguabrasil@linguabrasil.com.br
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NÃO TROPECE NA LÍNGUA

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