Introdução

AutorNatália Ribeiro Machado Vilar
INTRODUÇÃO
“Amplia o espaço de tua tenda e nela estende teus tapetes,
pois há de te locomover em todas as direções”.
Isaías
No Brasil, há mais de setenta e sete milhões de processos tramitando no Poder
Judiciário1, o que corresponde a algo em torno de um processo para cada três habi-
tantes do País2. Esse é o atual retrato estatístico da litigiosidade brasileira.
Esses dados estarrecedores provocam ref‌lexões e busca por razões que justif‌i-
quem esse cenário. Acredita-se que são muitos os fatores envolvidos, que vão além
das explicações que o direito pode oferecer de forma exclusiva. Assim, é preciso
realizar uma análise multidisciplinar da problemática da litigiosidade.
Algumas descobertas da psicologia e da neurociência vêm causando rupturas
quanto à compreensão sobre a cognição humana, bem como enriquecendo e revi-
sando alguns padrões científ‌icos. A economia, enquanto ciência que investiga o
comportamento humano na tomada de decisão, por exemplo, tem sido reformulada
à luz dessas novas descobertas.
O direito, sistema normativo e valorativo de condutas e da interação humana em
sociedade, pode (e deve) se valer das ferramentas da economia e das contribuições
da neurociência e da psicologia. Esses podem ser instrumentos valiosos à pesquisa
sobre o comportamento humano e a tomada de decisão, no cenário do litígio judicial.
É nesse contexto que, sem qualquer pretensão de esgotar uma matéria tão vasta
e complexa, insere-se o objeto desta obra. Diante da impossibilidade de tratar sobre
todos os ramos do conhecimento relacionados à complexidade do tema proposto,
fez-se um recorte a partir de algumas abordagens. Consideraram-se referências da
psicologia, da neurociência e da economia, bem como elementos culturais próprios
da sociedade brasileira.
O presente trabalho, portanto, é o resultado da curiosidade e do entusiasmo
direcionados à ampliação das perspectivas relacionadas ao comportamento humano,
no contexto da hiperlitigiosidade brasileira.
Diante disso, no primeiro capítulo, denominado “Por que as pessoas fazem o
que fazem?”, serão apresentadas algumas pesquisas da psicologia e da neurociência
que, ao longo das últimas décadas, remodelaram a compreensão sobre a cognição e
a tomada de decisão das pessoas. Serão identif‌icadas a correlação entre a economia
e o comportamento humano e a importância mútua entre esses elementos.

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