Introdução

AutorLeandro Mitidieri Figueiredo
Páginas21-24
INTRODUÇÃO
No seu discurso na Assembleia Nacional Constituinte, em 5 de
outubro de 1988, dizia Ulysses Guimarães: “A corrupção é o cupim da
República. República suja pela corrupção impune toma nas mãos de
demagogos que a pretexto de salvá-la a tiranizam.”1
O alcunhado de “pai da Constituição”, exímio conhecedor dos
meandros da política nacional, mostrava a relevância do tema da
corrupção na realidade brasileira, na menção em momento tão
importante como a promulgação da Carta do Estado Democrático de
Direito brasileiro. Em consonância com o destaque dado no discurso
de promulgação, pode-se notar que a questão da corrupção teve guarida
na Constituição de 1988, talvez como em nenhuma outra se verifique,
desdobrando-se a partir do princípio geral da Administração Pública da
moralidade.
A atração pelo tema vem de longe. Além de permear muitos
enredos da literatura nacional, a questão da corrupção está no cerne das
principais obras que pensaram o Brasil e a sociedade brasileira.
Provavelmente com fulcro em brilhantes ideias desenvolvidas
por esses pensadores brasileiros, nosso senso comum sobre as causas
da corrupção apresenta um notável viés culturalista. Não se trata de
desconsiderar todas as outras abordagens, principalmente a partir de
quando o tema passou a ser objeto de estudo das várias disciplinas, nas
últimas décadas, acompanhando-se um movimento mundial. Mas
ainda prevalece no âmago do senso comum a ideia de uma
incomparável corrupção brasileira, explicada por específicas
características histórico-culturais do brasileiro.
1Disponível em:
<http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/radio/materias/CAMARA-E-
HISTORIA/339277-INTEGRA-DO-DISCURSO-PRESIDENTE-DA-
ASSEMBLEIA-NACIONAL-CONSTITUINTE,--DR.-ULYSSES-GUIMARAES-
(10-23).html>. Acesso em: 19 jan. 2017.

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