Max Weber e a ética kantiana: da crítica ao formalismo dos imperativos à oposição entre valores éticos e legalidade

AutorLuis Felipe M. de Salles Roselino
Ocupação do AutorDoutor em Filosofia pela UFSCar e professor efetivo do curso de direito da Universidade do Estado de Minas gerais
Páginas522-544
522 • CAPÍTULO 19
Max Weber e a ética kantiana: da crítica
ao formalismo dos imperativos à oposição
entre valores éticos e legalidade
MAX WEBER AND THE KANTIAN E THICS: FROM THE CRITIC
ON FORMALISM OF IMPERATIVES TO THE CONTRAST
BETWEEN ETHIC AL VALUES AND LEGAL ISSUES
Luis Felipe M. de Salles Roselino1
Resumo: Nosso principal objetivo consiste em resgatar a
polêmica entre Max Weber e seus contemporâneos acerca da éti-
ca kantiana e, ao mesmo tempo, desenvolver uma revisão crítica do
capítulo de W. Schluchter: “Isenção dos juízos de valor e discussão
sobre valores: Max Weber entre Immanuel Kant e Heinrich Rickert”.
Para isso, pretende-se aproximar a teoria dos valores de Max We-
ber aos estudos mais recentes sobre meta-ética. A leitura weberiana
da ética de Kant foi baseada na problemática por trás da orientação
puramente racional do agir moralmente correto, opondo o sentido
valorativo formalizado conceitualmente e o valor real das ações hu-
manas. Para uma melhor delimitação dessas questões, ao nal será
apresentada uma breve revisão bibliográca dos escritos de Kant e
uma tabela comparativa dos esquemas teóricos de Weber e de Kant,
contrastando as conclusões da presente análise com o gráco com-
parativo construído por Wolfgang Schluchter no referido capítulo.
Esta apresentação visa fornecer apenas um enfoque provisório para
futuras investigações e poderá servir de auxílio para uma leitura de
Kant que problematize aspectos teóricos assumidos por autores con-
temporâneos como Habermas e Rawls, sem avançar, no entanto, nos
esforços de uma revisão sistemática desses autores mais recentes.
Palavras-chave: Max Weber; Immanuel Kant; Meta-ética;
Direito e moral; Imperativo categórico.
1 Doutor em Filosoa pela UFSCar e professor efetivo do curso de direito da Universidade do Estado de Minas gerais.
LUIS FELIPE M. DE SALLES ROSELINO •523
Abstract: Our main task is to recover a controversy of Max
Weber’s with his contemporaries on Kantian ethics, and at the same
time, develop a critical review of Wolfgang Schluchter’s “Value-free
judgement and value discussion, Max Weber between Immanuel
Kant and Heinrich Rickert”. For this, it will be assumed that Max
Weber’s value-theory can be placed inside contemporary meta-ethi-
cs studies. e Weberian reading of Kant was based on a critical de-
parting from the formal concepts of evaluation and the actual values
of real agents. For a better delimitation of those issues, a bibliogra-
phic review from Kant’s writings and a comparative table of Weber
and Kant schema will be brought together, contrasting the present
conclusions with Wolfgang Schluchter’s comparative graphic. is
presentation aims a plain and provisory settle for future investiga-
tions and contributes, at most, for a reading of Kant that problemati-
zes theoretical aspects behind certain assumptions of contemporary
authors like Habermas and Rawls, without proceeding forward to a
systematic review of those current authors.
Keyword s: Max Weber; Immanuel Kant; Meta-ethics; Law
and Morals; Categorical Imperative.
Tendo como objeto alguns aspectos da interpretação de Max
Weber da ética kantiana, o propósito dessa revisão bibliográca será
demonstrar que muitas ferramentas analíticas kantianas não permi-
tem estabelecer propriamente uma relação entre as valorações prá-
ticas e a legalidade e não legalidade de uma ação em termos gerais,
uma vez que seu sentido ético toma seu conteúdo segundo objetos
aplicáveis a uma ação em particular ou a noção de ações concretas,
enquanto o ponto de vista de sua legalidade toma as ações em caráter
genérico e exterior. A discussão visa apenas abrir espaço para futuras
investigações e contribui para uma leitura de Kant que problematize
aspectos teóricos por trás de certos pressupostos de autores contem-
porâneos, sem adentrar em uma revisão sistemática desses autores,
em vista da natureza dessa apresentação.
Na discussão sobre O sentido da “isenção axiológica” (Wer-
tfreiheit) nas ciências sociais e econômicas, Max Weber propunha
que seria um erro partir de um sentido “puramente formal” dos
imperativos kantianos para concluir que eles possuiriam na práti-
ca, necessariamente, um conteúdo valorativo moral. Embora eles

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