Noções fundamentais

AutorHugo de Brito Machado Segundo
Páginas1-10
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NOÇÕES FUNDAMENTAIS
1.1. A ORIGEM NATURAL DOS GRUPOS DE SERES VIVOS E DO PAPEL DE SEUS
LÍDERES
Em ambientes nos quais recursos são escassos, e estão presentes seres ou entes que
precisam desses recursos para atingir objetivos, coloca-se a questão de saber quais as
estratégias mais ef‌icazes a serem adotadas por referidos seres para a consecução de seus
objetivos. Algumas vezes, o êxito de um desses seres depende do insucesso dos demais
na consecução daquilo que almejam. Estabelece-se, então, ambiente de pura competição,
em que o sucesso de um depende do fracasso do outro, em igual proporção. É o que, em
Teoria dos Jogos1, se conhece por “jogo de soma zero”, assim entendido porque cada
triunfo obtido por um participante representa derrota em igual dimensão aos demais.
Há, porém, cenários em que o êxito de um dos participantes não implica, necessaria-
mente, prejuízo a todos os outros. Pode ocorrer de o sucesso de um deles ser indiferente
aos demais, ou mesmo de ter ref‌lexos positivos, conf‌igurando o que em Teoria dos Jogos
se conhece por “jogo de soma não zero”. Nessas situações, estratégias de cooperação se
mostram, no longo prazo, mais bem-sucedidas. Ainda que, em um primeiro momento,
o sucesso de um ser no atingimento de seus objetivos seja indiferente aos outros, estes
podem ajudar o primeiro, em troca de possível retribuição no futuro, quando a situação
se inverter. Ao longo de um maior número de interações, o sucesso do grupo, como um
todo, será maior se houver cooperação e reciprocidade.
Essa seria a razão pela qual, na luta pela sobrevivência, muitas espécies cooperam,
entre si e umas com as outras, sendo o altruísmo também observável entre diversas
formas de seres vivos. Mas como há o risco de surgir, no seio de um grupo de indivídu-
os cooperativos, algum indivíduo que procura se benef‌iciar da colaboração de todos,
sem ajudar ninguém (conhecido como “carona”, ou free rider), é indispensável, para
que o grupo não seja explorado até a destruição, que existam mecanismos de proteção
e retaliação contra aqueles tidos como não cooperativos2. Examinando a questão pela
1. “Jogo”, nesse contexto, não signif‌ica necessariamente uma “competição esportiva”, mas “toda situação que
envolva mais de um indivíduo, no âmbito da qual cada um deles pode realizar mais de uma ação, de modo que o
resultado para cada um desses indivíduos, aqui designado ‘proveito’, é inf‌luenciado pelas suas próprias ações, e
pelas escolhas referentes às ações de pelo menos outro indivíduo.” No original, “game is any situation involving
more than one individual, each of which can make more than one action, such that the outcome to each individual, called
the payoff, is inf‌luenced by their own action, and the choice of action of at least one other individual.” MCEACHERN,
Andrew. Game Theory: a classical introduction – mathematical games and the tournament. Queens University:
Morgan & Claypool Publishers, 2017, p. 1.
2. AXELROD, Robert. A evolução da cooperação. Tradução de Jusella Santos. São Paulo: Leopardo, 2010, p. 19.

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