Ódio dos Escravocratas
Autor | Pedro Paulo Filho |
Ocupação do Autor | Formado pela Faculdade de Direito da Universidade Mackenzie, foi o 1º presidente da 84ª Subsecção da Ordem dos Advogados do Brasil |
Páginas | 112-114 |
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Escreveu Júlio Emílio Braz que, entre todas as regiões que se opunham tenazmente à abolição da escravatura na Província de
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São Paulo, nenhuma era mais notória e radicalmente antiabolicionista do que a região Oeste.
Escravistas renitentes haviam criado todos os tipos de obstáculos para inviabilizar a aplicação das leis abolicionistas em suas cidades e fazendas, exercendo poderosa influência nos quadros políticos e administrativos da Província e do Império.
Lutaram ferozmente contra várias leis promulgadas contra a proibição do tráfico interprovincial, e favoravelmente à imigração de trabalhadores chineses, que pretendiam utilizar como mão de obra semi-servil, à custa dos cofres públicos.
Travaram-se choques violentos em Campinas, Taubaté, Piracicaba, Passa-Quatro e Pindamonhangaba, todos incentivados e patrocinados por seus próprios fazendeiros.
"Quando as derrotas foram se sucedendo e a escravidão se tornando insustentável, a atenção dos escravagistas voltou-se para os responsáveis pelo movimento abolicionista.
Nenhum deles lhes despertava maior ódio e rancor do que Luiz Gama.
Negro, ex-escravo e hábil rábula, até 1880, ele libertara cerca de mil escravos, valendo-se de toda a sorte de artifícios e estratagemas legais, baseando-se, fundamentalmente, na Lei de 7 de novembro de 1831, que declarava livres todos os escravos entrados no Brasil, a partir daquela data.
Paciente, mas, obstinadamente, Luiz Gama arrancou essa lei do esquecimento a que fora relegada pela incapacidade e conivência dos governos imperiais e fez reviverem os seus efeitos, já que ela jamais fora revogada".7Era preciso eliminar Luiz Gama.
O assassino Dioguinho (Diogo da Rocha Figueira) já era famoso naquela época. Nascido em Botucatu, era conhecido bandido no Oeste paulista.
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"Insensível, costumava ler todas as noites o livro "Horas Marianas", de orações devotas, para tornar-se invulnerável e tinha o hábito de guardar as orelhas das vítimas, num sinistro rosário que o acompanhava sempre, como amuleto.
Havia alguns meses, fora contratado por fazendeiros amigos para vinganças políticas e domésticas, em troca de proteção e abrigo.
Joãozinho, ou melhor, João Dabney da Silva, seu irmão, era ainda mais feroz do que o seu companheiro inseparável."
Estavam na cidade já havia alguns dias, perseguindo Luiz Gama e seus amigos, vigiando-os e esperando melhor oportunidade para executarem...
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