O protagonismo da pessoa com deficiência em prol de uma educação inclusiva

AutorFelipe Vieira Monteiro
Ocupação do AutorFormado em Tecnologia em processamento de dados pela UBM (Universidade de Barra Mansa-RJ), bacharelado em Piano pelo CBM (Conservatório Brasileiro de Música-RJ), licenciatura em Educação artística com habilitação em música pelo CBM (Conservatório Brasileiro de Música-RJ) e Pedagogia pela UCB (Universidade Castelo Branco em Curitiba-PR).
Páginas169-184
O PROTAGONISMO DA PESSOA
COM DEFICIÊNCIA EM PROL DE UMA
EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Felipe Vieira Monteiro
Formado em Tecnologia em processamento de dados pela UBM (Universidade de Barra
Mansa-RJ), bacharelado em Piano pelo CBM (Conservatório Brasileiro de Música-RJ),
licenciatura em Educação artística com habilitação em música pelo CBM (Conserva-
tório Brasileiro de Música-RJ) e Pedagogia pela UCB (Universidade Castelo Branco em
Curitiba-PR). Especialista em Tradução audiovisual acessível: audiodescrição pela UECE
(Universidade Estadual do Ceará-CE), especialista em Acessibilidade cultural pela UFRJ
(Universidade Federal do Rio de Janeiro-RJ), aperfeiçoamento em Audiodescrição na
escola pela UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora –MG) e mestrando em Educa-
ção, cultura e comunicação em periferias urbanas pela FEBF (Faculdade de Educação
da Baixada Fluminense)/UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro). Professor de
piano, teclado, auta doce, teoria musical, musicalização infantil e harmonia funcional
há mais de 28 anos. Autor do livro Guia para a consultoria musical na elaboração de
roteiros de audiodescrição para concertos de música instrumental erudita.
Lattes: http://lattes.cnpq.br/9786358398823760.
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-8814-9245.
Sumário: 1. Introdução – 2. A educação na perspectiva da inclusão – 3. Recursos de acessibilidade
no contexto educacional – 4. O usuário como protagonista nos projetos educacionais inclusivos – 5.
Considerações nais – 6. Referências.
1. INTRODUÇÃO
Atualmente estamos vivendo um momento em que o sistema educacional
trabalha na perspectiva da educação inclusiva, na qual todos têm os mesmos di-
reitos e o acesso de forma igualitária. Entretanto, o contexto nem sempre foi esse.
Ao percorrermos a trajetória de lutas das pessoas com def‌iciência, perceberemos
que eram marginalizadas simplesmente pelo fato de terem uma def‌iciência e não
se encaixarem no “padrão” de corpos estipulado pela sociedade. Como esse pen-
samento inclusivo chega com séculos de atraso, o acesso aos bancos escolares
também. Como consequência desta morosidade, muitos tabus e preconceitos ainda
se encontram arraigados no pensamento de muitos, impossibilitando esse acesso
de maneira f‌luída e digna.
A partir desta dura realidade, este artigo pretende, inicialmente, traçar de for-
ma breve um panorama histórico das pessoas com def‌iciência. Objetiva-se também
apresentar de que forma elas começaram a ser lembradas, como conseguiram estar
dentro de instituições especializadas para este público e puderam exercer o direito
de terem acesso à educação.
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FELIPE VIEIRA MONTEIRO
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Também será apresentada uma linha do tempo em que são demonstrados os
principais documentos, nacionais e internacionais, tais como convenções, declara-
ções, leis, decretos, portarias, entre outros, que contribuíram e contribuem, até os
dias atuais, para o ingresso e a permanência de pessoas no contexto educacional.
Contudo, apesar de tais documentos serem fundamentais para esse processo
de escolarização, na prática os itens, como as tecnologias assistivas embarcadas nos
recursos didáticos acessíveis, são primordiais para a dignidade, conforto, autonomia
e independência dos estudantes usuários. Citaremos os principais recursos, dos mais
antigos até os mais recentes, apresentando sua estrutura, aplicabilidade, público
usuário e em quais situações podem estar inseridos no contexto educacional.
Como as pessoas com def‌iciência são as maiores benef‌iciadas pelos recursos
didáticos acessíveis, dentro da sala de aula, é fato o protagonismo nas etapas de de-
senvolvimento e evolução deste processo de construção. Desta forma, serão apresen-
tadas as possibilidades de interação entre professor e educando nas fases de análise,
desenvolvimento e construção de projetos que podem benef‌iciar não somente a
pessoa com def‌iciência, mas todos os envolvidos de forma colaborativa.
2. A EDUCAÇÃO NA PERSPECTIVA DA INCLUSÃO
Ao traçarmos um panorama histórico, perceberemos que as pessoas com
def‌iciência vêm sofrendo um processo de exclusão, isto é, marginalização dentro
da sociedade. Fato que contribui para o capacitismo. Trata-se da reunião de várias
atitudes preconceituosas que hierarquizam os indivíduos em função da adequação
de seus corpos a um padrão de perfeição, capacidade funcional e beleza, segundo
Mello (2016).
Esse olhar excludente e segregador permeia a estrutura da sociedade. Tem-se
como exemplo povos colombianos nômades que, no instinto da sobrevivência, em
suas mudanças, levavam somente o primordial. Assim, as pessoas com def‌iciência
eram abandonadas igualmente como acontecia com os idosos e enfermos.
Tal realidade começa a se transformar a partir da Revolução Industrial, em que
as pessoas com def‌iciência passam a ser vistas como produtoras em potencial. Por
causa disso, iniciaram-se demandas; e as organizações e instituições especializadas
para atender essa comunidade tiveram que ser criadas.
Com o surgimento destes espaços educacionais especializados, as pessoas
com def‌iciência enfrentaram diversas fases do sistema educacional. A começar
pelas classes especiais que, a priori, não tinham o viés humanitário, foram criadas
para que os professores não demandassem a maior parte do seu tempo com aten-
dimentos individuais. Essas classes especiais estavam inseridas na realidade de
que tais espaços não eram acessíveis para atender às especif‌icidades deste público,
de modo a promover a autonomia e independência, segundo Sassaki (1997 apud
PACHECO; ALVES, 2007).
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