Seletividade dos Materiais
| Autor | Wilson José Gonçalves |
| Ocupação do Autor | Pós-doutor em Teoria do Direito pela USMA/AR |
| Páginas | 71-84 |
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Formulada e respondida, na etapa anterior, a pergunta: Onde quero chegar com minha pesquisa? tem-se a autorização para que o pesquisador possa continuá-lo. Esta pergunta cumpre a diretriz que orienta a estrutura do trabalho, ocupando a função de hipótese(s) e objetivo(s).
A quarta etapa objetiva identificar e marcar os materiais coletados de modo a conhecê-los melhor. Aponta para a segunda organização dos materiais coletados, agora, na perspectiva de seu conteúdo, autorizando a organização intelectual do trabalho.
A organização dos materiais consiste em pensar o trabalho de modo que os dados e demais referências que o integram estejam postos à disposição do pesquisador a fim de facilitar sua localização, consulta de maneira rápida e submetida a uma classificação racional no momento da redação. Além de permitir encontrar a fonte específica de cada informação que se obteve ao longo da pesquisa (como citação, evocação, argumento, referência, comparação etc.).
Destaca-se, mais uma vez, que "cada anotação deve ser, sistematicamente, acompanhada de identificação de sua fonte"1. Isto se traduz nas marcas e identificação feitas nos
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textos lidos ou registrados em fichas e arquivos ordenados ou informatizados em programa de computador.
Para conhecer o material coletado na biblioteca, o pesquisador deve proceder a uma leitura exploratória (pré-leitura) da bibliografia e demais materiais obtidos. Para tanto, deve-se dividir o material em três grupos:
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obras consideradas "clássicas" pelos autores consultados;
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obras com títulos específicos; e
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demais obras e materiais.
A leitura exigida nesta fase é uma leitura exploratória, cujo objetivo visa a propiciar uma visão geral dos materiais coleta-dos, bem como anotar no próprio texto ou em folhas separadas, pontos relevantes e sequenciais de acordo com o sumário proposto.
Na pesquisa bibliográfica, a aquisição do conhecimento efetiva-se pelo processo de leitura2 (entende-se aqui a leitura escrita ou gráfica), logo, ocupa uma parcela significativa para os operadores do direito.
Assim, a fase de primeira leitura ou uma pré-leitura com o objetivo de fornecer uma visão geral e antecipada do que se vai estudar é fundamental para a seletividade das obras a
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serem estudadas em profundidade (conferir: leitura analítica e crítica3).
De posse do material para leitura, o interessado deve, antes de adentrar na obra propriamente dita, verificar alguns dados relativos ao texto, que irão contribuir e facilitar sua compreensão, contextualização, bem como disponibilizar critérios para a sua seletividade.
Essa tarefa pode ser vencida por uma leitura exploratória ou pré-leitura, que cumpre a função de fornecer uma visão geral do texto a ser lido. Para tanto, busca os seguintes objetivos:
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localizar o que é de interesse do tema (principalmente em obras genéricas, tais como cursos, manuais, comentários etc.);
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o patamar que se deseja (tanto da corrente a que se filia o autor, como a linguagem utilizada);
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a abordagem de interesse, em face da escola ou corrente teórica que se pretende utilizar, como texto de apoio ou de referência para notas de rodapé (teoria de base ou fundamentação doutrinária).
A pré-leitura permite uma seletividade e ordem do material4, a ser lido no aspecto de conteúdo e intelectualidade e, para tanto, deve-se voltar à atenção aos seguintes itens (leitura de identificação ou preliminar):
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Título e subtítulo: além de fornecer informações sobre o conteúdo do livro, indicam, pela ordem, a importância na disposição da matéria, servindo de primeiro ponto para análise, assim como no momento da construção
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do trabalho podem ser um controlador e balizador no desenvolvimento do mesmo.
O título da obra e subtítulo permite observar a sequência e importância das palavras formadoras. Um exemplo pode ser observado no título da obra de Cesare Becca-ria, Dos Delitos e das Penas, que carrega em si um sentido preventivo. Por outro lado, se o título fosse "Das Penas e dos Delitos", ter-se-ia um sentido punitivo e repressor.
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Orelha do livro: deve-se observar a formação do autor, detalhes da obra e comentários gerais que representam um apanhado geral do assunto da obra.
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Autor: seu estilo e linha de pensamento (escola teórica de origem e formação).
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Edição: data da edição e se há edições mais recentes (fator importante na esfera jurídica, pois, a cada edição, podem ser alteradas tanto as ideias como as referências de texto de lei).
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Tradução: verificar o rigor na tradução e a notoriedade e conhecimento do tradutor.
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Introdução - Prefácio - Prólogo: a leitura dessas partes permite extrair informações a respeito do trabalho realizado pelo autor, suas pesquisas, bem como a origem das idéias apresentadas.
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Rever o Sumário: verificando a estrutura sequencial das idéias e a organização dos assuntos; observar, pela estrutura utilizada na montagem do sumário, como está indicada a hierarquia das ideias, bem como a importância dada pelo autor. Desse modo, a ordem proposta oferece a relevância na argumentação, fato importante para o pesquisador e compreensão da obra.
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Capítulo ou tópicos que interessam ao tema: utilizar a técnica do salto em partes (folhear os capítulos), em que se lê uma ou duas linhas do início, do meio e do fim de cada página, com o objetivo de obter uma visão geral.
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Conclusão: permite compreender os pontos principais e o fecho proposto ao trabalho.
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Notas de rodapé: as notas de rodapé permitem uma visão clara das obras utilizadas pelo autor, o que autoriza a concluir qual a fundamentação que o...
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