Acentuação da concorrência capitalista

AutorMauricio Godinho Delgado
Páginas53-56

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O terceiro grupo de fatores (acentuação da concorrência capitalista, inclusive no plano internacional) é de natureza ambígua, classificando-se seja como estrutural seja como conjuntural. Ele envolve o incremento e a generalização da concorrência interempresarial, em particular com respeito à mais aberta inserção das economias nacionais no cenário do mercado mundial. Não há dúvida de que se deve considerar, em certa medida, como determinante estrutural, esse processo de ampliação e aprofundamento da concorrência interna cional no plano interno das economias nacionais, já que decorrente de uma tendência própria à nova fase globalizante do capitalismo.

Em contrapartida, não se pode negar, que a intensida de e a generalização de tal processo são moduladas de acordo com a política pública que se adota internamente em cada Estado. Essa circunstância acaba por conferir também relevante natureza conjun tural ao referido processo.

Em que medida a acentuação da competição capitalista, internamente e no plano externo, produz reflexos importantes no mundo do trabalho?

É que tal acentuação competitiva pode prejudicar o desem penho do empreendimento empresarial, com direto comprometimento no montante de sua força de trabalho.

É bem verdade que o inverso também pode ser verdadeiro, ou seja, a eficiente inserção no mercado competitivo capitalista, inter no ou externo, pode, sem dúvida, potenciar o dinamismo empresa rial, alimentando a contratação de trabalhadores pelas respectivas empresas.

Isso significa que tais reflexos no mundo do trabalho irão de pender, é claro, da capacidade de a economia e seu universo em presarial enfrentarem, positivamente, a competição exacerbada. Tal capacidade encontra-se lógica e diretamente atada às políticaspúbli cas que o respectivo Estado observa no tocante à inserção de sua economia no cenário global, além do sentido que confere às suas próprias políticas econômicas internas.

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O argumento dominante relacionado à exacerbação da concor rência capitalista, entretanto, não toma em consideração a existência desses caminhos diferenciados de inserção internacional das econo mias nacionais, preferindo enfatizar a natureza inevitável e destrutiva de tal processo de integração econômica.

Nessa linha, sustenta-se que a globalização dos mercados, a queda das barreiras contrárias ao livre comércio, a ausência de res trições à livre mobilidade do capital e das plantas empresariais...

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