Brasil-iluminista: é necessário embranquecer a República

AutorDaniela Olimpio de Oliveira
Páginas13-17
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ta do negra-parda. Aqui, guardo mais silêncio. Não por ter
dúvidas. Não tenho dúvidas de quem eu sou. Hoje não mais.
Mas, o que “ser morena” fez comigo? O que fez com o Brasil?
Eu sou o que o Brasil ainda não é.
Brasil, um lugar sem espelho.
Eu sou consciência de mim.
II. Brasil-iluminista:
é necessário
embranquecer
a República
A primeira Constituição Republicana data de 1891, quase
três anos após a abolição da escravidão no Brasil.
Inspirada no liberalismo, no republicanismo, no federalismo
e no iluminismo, nessa Constituição, os negros eram homens
livres e já não havia voto censitário; mas, quanto à cidadania
política, não poderiam alistar-se, nem serem eleitos, os mendi-
gos e os analfabetos – será que não havia mesmo o voto cen-
sitário? Muitas vezes não é preciso estar escrito algo para se
dizer sobre algo. Então não poderiam votar mendigos e analfa-
betos. Estamos em 1891, e a abolição havia se dado há menos
de três anos. Homens livres, mendigos e analfabetos.
A Constituição de 1934, por sua vez, vem com verbos explíci-
tos impondo uma nova rotina do progresso e da modernidade: o
higienismo e a eugenia. Determinou incumbir ao poder público
“estimular a educação eugênica” (art.138, b); “adotar medidas legis-
lativas e administrativas (…) de higiene social, que impeçam a pro-

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