Ensaios de Filosofia do Direito
Autor | Sylvio Roméro |
Páginas | 187-202 |
ENSAIOS DE FILOSOFIA DO DIREITO
SYLVIO ROMÉRO
I
Sylvio Roméro, depois de consagrar, por algum
tempo, as energias de seu talento vigoroso e fecundo
ao estudo de nossa literatura, de nossa poesia popu-
lar, depois de exercitar-se na crítica literária, em que
conquistou uma posição brilhante, na filosofia e na his-
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tória, dando-nos em todos esses ramos do saber belos
atestados de sua aplicação e de sua superioridade men-
tal, volve-se agora para a jurisprudência, de cujo rega-
ço parece que se desprendera enfastiado com aquela já
tão celebrizada defesa de teses, que terminou por um
escândalo literário, um tanto em desprestígio dos crédi-
tos culturais da academia do Recife a esse tempo.
Depois da Filosofia no Brasil, da Etnografia brasileira,
da História da literatura brasileira,1 e de tantos outros be-
los espécimes de erudição bem aplicada, vêm a História
do direito nacional, em publicação na Revista brasileira, e
os Ensaios de filosofia do direito que me tentam a traçar
estas linhas de recensão.
Inútil é dizer, para os que conhecem as opiniões de
Sylvio e as minhas em filosofia, que estamos quase sem-
pre de acordo nas doutrinas que interessam ao direito.
Tendo um modo semelhante de conceber a organiza-
ção maravilhosa do cosmos, seria estranho que nossos
desacordos fossem além de pontos de detalhe. Por isso
mesmo, pareceu-me de maior conveniência apontar es-
sas divergências, silenciando embora as convergências
de pensamento que por si naturalmente se assinalarão.
Antes, porém, de acompanhar o desenvolvimen-
to das ideias geradoras deste livro, em que também se
aliam a solidez do saber com a movimentação do discre-
1. Sobre este último livro tive ocasião de externar-me ao meu
livro Épocas e individualidades, p. 119 e segs.
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