Introdução

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INTRODUÇÃO
Vivemos um tempo de sociedade das sociedades. De cultura das culturas.
Sociedade do risco, do espetáculo1, do consumo, da informação. Cultura do
narcisismo, do medo, do controle, da punição. Ninguém está seguro. Viver é
arriscado. É falar de corda na casa de enforcado. A vida vivida, é agora vida
representada. Conectada e virtualizada. Os mundos real e virtual parecem
fundir-se. Viver é representar-se nessa fusão. Tudo é consumível. Objetos,
mercadoria, afetos, gente. A conectividade nos bombardeia com informação.
Informação não é conhecimento. A sociedade do perigo, do espetacular, do
consumo que transforma tudo em objeto, da informação massiva, imprecisa e
seletiva, vai forjar uma nova cartograa do social.2 Uma sociedade de indiví-
duos fragmentados. Deprimidos, toxicômanos e panicados.3 De subjetividade
hiperautocentrada. De pessoas que não se descentram de si mesmas. Que não
reconhecem no outro sua diferença e singularidade.4 Que anula e nega o ou-
tro. Uma cultura narcísica do eu e o mundo. Não do eu no mundo. Tomando
o outro como objeto, e não como sujeito de direitos, é possível violá-lo. Tenho
medo do outro. Medos inados, criados, aumentados pela sociedade conectada
1 “Toda a vida das socied ades nas quais reinam as mo dernas condições de produção se apre-
senta como uma imensa ac umulação de espetácul os. Tudo o que era vivido diretamente
tornou-se uma representação”. DEBORD, Guy. A sociedade do e spetáculo. Trad.: Estela
dos Santos Abreu. Rio de Ja neiro: Contraponto, 1997, p. 13.
2 BIRMAN, Joel . Mal-estar na atualidade: a ps icanálise e as novas formas de subjet ivação.
Rio de Janeiro: Civ ilização Brasilei ra, 1999, p. 23.
3 Ibidem, p. 244.
4 Ibidem, p. 25.
Book-Porque o legislador.indb 1 15/11/18 18:05

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