Lei de Adoração

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Código de Direito Natural Espírita
CAPÍTULO VIII
LEI DE ADORAÇÃO
I  FINALIDADE DA ADORAÇÃO
(O Livro dos Espíritos, itens 649 a 652)
Artigo 123  A adoração é a elevação do pensamento a Deus.
Pela adoração o homem aproxima de Deus a sua alma. É um sentimento
inato, como o da Divindade. A consciência de sua fraqueza leva o homem
a se curvar diante dAquele que o pode proteger. Jamais houve povos
ateus. Todos compreendcm que há, acima deles, um Ser Supremo.
123.1  Como Adorar a Deus?  Explanação de Rodolfo Calligaris
no livro já referido, págs. 46-49:
Em todas as épocas, todos os povos praticaram, a seu modo, atos
de adoração a um Ente Supremo, o que demonstra ser a ideia de Deus
inata e universal. Com efeito, jamais houve quem não reconhecesse
ìntimamente sua fraqueza, e a consequente necessidade de recorrer a
Alguém, todo-poderoso, buscando-Lhe o arrimo, o conforto e a proteção,
nos transes mais difíceis desta tão atribulada existência terrena. Tempos
houve em que cada família, cada tribo, cada cidade e cada raça tinha os
seus deuses particulares, em cujo louvor o fogo divino ardia constantemente
na lareira ou nos altares dos templos que lhes eram dedicados. Retribuindo
essas homenagens (assim se acreditava), os deuses tudo faziam pelos seus
adoradores, chegando até a se postar à frente dos exércitos das comunas
ou das nações a que pertenciam, ajudando-as em guerras defensivas ou de
conquista. Em sua imensa ignorância, os homens sempre imaginaram
que, tal qual os chefes tribais ou os reis imperadores que os dominavam
aqui na Terra, também os deuses fossem sensíveis à manifestações do
culto exterior, e daí a pomposidade das cerimônias e dos ritos com que os
sagravam. Imaginavam-nos, por outro lado, ciosos de sua autenticidade
ou de sua hegemonia e, vez por outra, adeptos de uma divindade entravam
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José Fleurí Queiroz
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em conflito com os de outra, submetendo-a a provas, sendo então
considerado vencedora aquela que conseguisse operar feito mais
surpreendente. Sirva-nos de exemplo o episódio constante do III Livro
dos Reis, cap. 18, v. 22 a 40. Ali se descreve o desafio proposto por Elias
aos adoradores de Baal, para saber-se qual o deus verdadeiro. Colocadas
as carnes de um boi sobe o altar dos holocaustos, disse Elias a seus
antagonistas: Invocai vós, primeiro, os nomes dos vossos deuses, e eu
invocarei, depois, o nome do meu Senhor; e o deus que ouvir, mandando
fogo, esse seja o Deus. Diz o relato bíblico que por mais que os baalitas
invocassem o seu deus, em altos brados e retalhando-se com canivetes e
lancetas, segundo o seu costume, nada conseguiram. Chegada a vez do
deus de Israel, este fez cair do céu um fogo terrível, que devorou não apenas
a vítima e a lenha, mas até as próprias pedras do altar. Diante disso, auxiliado
pelo povo, Elias agarrou os seguidores de Baal e, arrastando-os para a
beira de um rio, ali os decapitou.
O Cristianismo e a Doutrina Espírita  O monoteísmo, depois
de muito tempo, impôs-se, afinal, ao politeísmo, e seria de crer-se que,
com esse progresso, compreendendo que o Deus adorado por todas as
religiões é um só, os homens passassem, pelo menos, a respeitar-se
mùtuamente, visto as diferenças, agora, serem apenas quanto à forma de
cultuar esse mesmo Deus. Não foi tal, porém, o que sucedeu. E os próprios
cristãos, séculos pós séculos, contrastando frontalmente com os piedosos
ensinamentos do Cristo, empolgados pelo fanatismo da pior espécie, não
hesitaram em trucidar, a ferro e fogo, milhares e milhares de heregese
infiéis, para maior honra e glória de Deus!  como se Aquele que é o
Senhor da Vida pudesse sentir-se honrado e glorificado com tão nefandos
assassínios... Atualmente, bastante enfraquecido, o sectarismo religioso
começa a derruir, o que constitui prenúncio seguro de melhores dias, daqui
para o futuro. Acreditamos, mesmo, que, graças à rápida aceitação que a
Doutrina Espírita vem alcançando por toda a parte, muito breve haveremos
de compreender que todos, sem exceção, somos de origem divina e
integrantes de uma só e grande família. E posto que Deus é Amor, não há
como adorá-Lo senão amando-nos uns aos outros, pois, como
sàbiamente nos ensina João, o apóstolo (I ep., 4:20), se o homem não
ama a seu irmão, que lhe está próximo, como pode amar a Deus, a quem
não vê?.
Lei Natural
Artigo 124  A adoração faz parte da lei natural, porque é o
resultado de um sentimento inato no homem; por isso a encontramos
entre todos os povos, embora sob formas diferentes.

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