O diálogo entre a Corte Internacional de Justiça e outros órgãos jurisdicionais internacionais sobre questões processuais

AutorLoris Marotti
Ocupação do AutorLoris Marotti é doutorando em Direito Internacional e da União Européia pela Università degli Studi di Macerata. Bacharel em Direito pela Università Federico II di Napoli. Seus estudos focam-se em questões de processo perante tribunais internacionais e contencioso internacional.
Páginas215-242
O diálogo entre a Corte Internacional
de Justiça e outros órgãos
jurisdicionais internacionais
sobre questões processuais1
Loris Marotti2
ÍNDICE
1. Introdução. – 2. Diálogo judicial e questões processuais no con-
tencioso internacional. – 3. O diálogo entre Cortes e o papel predo-
minante da Corte Internacional de Justiça em questões processuais.
– 4. Desenvolvimentos recentes relativos à abordagem reconstruti-
va da CIJ: A “Opinião Consultiva IFAD”. – 5. Apontamentos con-
clusivos.
1 O texto “e International Court of Justice role in inuencing the approach of
other courts on fundamental procedural matters”, originalmente publicado na
obra ARCARI, M., BALMOND, L. Le dialogue des jurisdictions dans lordre juri-
dique international: entre pluralisme et securité juridique. Editoriale Scientica:
Napoli, 2014, foi traduzido da língua inglesa por Lucas C. Lima.
2 ** Loris Marotti é doutorando em Direito Internacional e da União Européia pela
Università degli Studi di Macerata. Bacharel em Direito pela Università Federico
II di Napoli. Seus estudos focam-se em questões de processo perante tribunais
internacionais e contencioso internacional.
216
Arno Dal Ri Júnior e Lucas Carlos Lima
1. INTRODUÇÃO
Este trabalho analisa e discute o diálogo judicial relacionado a
questões processuais e, em particular, evidencia o essencial papel de-
sempenhado pela Corte Internacional de Justiça (CIJ) na determinação
e no desenvolvimento de princípios e regras de processo judicial inter-
nacional. Uma análise quantitativa e qualitativa das referências mais re-
levantes feitas por órgãos judiciais internacionais às decisões da Corte
em questões de procedimento parece conrmar este papel essencial da
CIJ, ao menos relativo a princípios e regras fundamentais que são co-
muns a qualquer procedimento judicial e que são enraizados na própria
natureza da função judicial (e.g. os princípios jura novit curia, compe-
tence-competence, a disposição do ônus da prova e assim por diante).
Esta análise irá igualmente ilustrar como a CIJ cada vez mais envol-
ve-se em diálogos com outros órgãos judiciais ou quase-judiciais. Quan-
do este diálogo implica a extensão da aplicação de normas e princípios
elaborados em diferentes contextos, revela-se um signicante proces-
so de mútua fertilização cruzada entre diferentes cortes e tribunais.3 A
este respeito, particular atenção será prestada ao princípio da igualdade
processual das partes, o qual foi objeto de uma interessante abordagem
reconstrutiva baseada em direitos humanos pela Corte em uma recente
opinião consultiva (a “Opinião Consultiva IFAD”).4 De maneira inte-
3 Esp ecialmente em relação aos princípios e regras do processo internacional, é im-
portante rememorar que, já em 2008, BROWN, e Cross-Fertilization of Prin-
ciples Relating to Procedure and Remedies in the Jurisprudence of International
Courts and Tribunals, in Loyola of Los Angeles International and Comparative
Law Review, 2008, p. 219 ss., sublinhou a tendência de cortes e tribunais interna-
cionais levar em consideração a prática de outros tribunais em questões proces-
suais e sublinhou a emergência de abordagens comuns neste campo.
4 Corte Internacional de Justiça, Judgment No. 2867 of the Administrative Tribunal
of the International Labour Organization upon a Complaint Filed against the In-
ternational Fund for Agricultural Development, Advisor y Opinion of 1 February
2012, in ICJ Reports, 2012, p. 10.

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT