Direito e Educação/Direito e fraternidade

AutorAloizio Alves dos Santos/Saad Zogheib Sobrinho
Ocupação do AutorBacharel em Teologia pelo Pontifício Ateneu Santo Anselmo - Roma; Instituto Teológico São Paulo - ITESP/Bacharel em ciências jurídicas e sociais
Páginas107-127
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DIREITO E EDUCAÇÃO –
DIREITO E FRATERNIDADE
Aloizio Alves dos Santos1
Saad Zogheib Sobrinho2
introdução
Os relacionamentos na sociedade contemporânea têm se tornado
cada vez mais complexos. Os modernos meios de comunicação social
vão nos revelando aspectos de interdependência absoluta e de abran-
gência global entre indivíduos e povos, até há pouco tempo desconhe-
cidos pela maioria de nós. Contudo, a teia de comunicação coloca em
evidência também que há dois lados dessa interação: um que nos enche
de alegria ao nos permitir contemplar e até participar de momentos de
grande júbilo pela criatividade do amor humano nas artes, nos esportes,
na generosidade de arriscar a própria vida para salvar vidas ameaçadas
por situações de risco, catástrofes de vários tipos, quer aconteçam próxi-
mos a nós ou do outro lado do planeta. E, outro lado, que nos entristece
e preocupa, com manifestações de violência indiscriminada contra in-
divíduos e grupos tanto em estádios esportivos como em manifestações
1 Bacharel em Teologia pelo Pontifício Ateneu Santo Anselmo – Roma; Instituto Teo-
lógico São Paulo – ITESP.
2 Bacharel em ciências jurídicas e sociais.
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DIREITO E EDUCAÇÃO: FRATERNIDADE EM AÇÃO
públicas legítimas de caráter político ou reivindicatório, sindical, e as-
sim por diante.
Quais as razões para a exacerbação dos conitos de interesse que
levam indivíduos e grupos a se confrontarem com métodos e meios que
vão desde a agressividade verbal e física até a fazer uso malicioso do
sistema jurídico em busca de solução egoísta para as tensões?
Não obstante o evidente aumento da interatividade humana,
a observação da vida social pós-moderna torna visível o impulso no
comportamento dos indivíduos, já a partir da infância, na direção da
fragmentação dos relacionamentos, da alienação do indivíduo de seu
contexto existencial, favorecendo uma agressividade latente. Um exem-
plo cada vez mais corriqueiro é o que acontece no trânsito: fatos de vio-
lência, seja pela falta de senso comum, seja pela desproporção da vio-
lência diante das provocações, muitas vezes imaginárias, frutos de mera
impressão. As razões para a escalada da desorientação são descritas por
pesquisadores e especialistas de diversas áreas do conhecimento, apon-
tando para um vácuo de valores com as consequentes distorções na or-
ganização social, dando destaque ao sistema econômico-nanceiro que
arrasta na sua trajetória também a política.
A necessidade induzida de consumo, cada vez maior, com a fun-
ção de aumentar indenidamente o “lucro” a ser partilhado entre os
investidores, muitos dos quais, vorazes em vê-lo “maximizado, é o mo-
tor que faz girar as engrenagens do mercado, sem dar muita atenção ao
“preço” pago por toda a sociedade. Um dos lugares em que se verica
isso mais fortemente é na família. Ali, para que mais bens sejam pro-
duzidos e vendidos (descartados e recomprados), envolvidos por essa
máquina, mães e pais veem se evaporar seus recursos nanceiros, e, o
que é pior, seu precioso tempo. Um dos efeitos graves que esse sistema
produziu foi o de retirar do seu posto insubstituível mães e pais de famí-
lia, o núcleo essencial da formação humana, provocando grande vácuo
de valores, tanto que a lósofa espanhola Maria Zambrano cognominou
de “noite escura da Humanidade” a época que atravessamos.
Fritjof Capra, no seu livro “O Ponto de Mutação, traz uma abor-
dagem, do ponto de vista multidisciplinar, a respeito dos danos que essa

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