Diretrizes técnicas de argumentação e redação científica para o direito no contexto pós-moderno
| Autor | Cleyson de Moraes Mello/Vanderlei Martins |
| Páginas | 171-182 |
171
Capítulo 13
DIRETRIZES TÉCNICAS DE ARGUMENTAÇÃO E DE
REDAÇÃO CIENTÍFICA PARA O DIREITO NO
CONTEXTO PÓS-MODERNO
A redação científica é a última etapa da pesquisa jurídica e
corresponde à apresentação pública de um processo rigoroso e
criteriosamente desenvolvido pelo pesquisador sobre determinada temática
do Direito. Em sendo parte da produção de um conhecimento jurídico
específico, a redação científica tem linguagem própria e também obedece a
critérios estabelecidos pelo método científico. A presença do método nessa
última etapa do processo deve ser entendida como teoria da demonstração. A
redação científica, portanto, tem essa finalidade específica, demonstrar
publicamente os resultados obtidos pela pesquisa jurídica ao longo de sua
execução meticulosa. É uma comunicação que traz em si enorme
responsabilidade científica, pois, a priori, representa uma interpretação
jurídica verdadeira e confiável.
A linguagem utilizada na redação científica deve ser a linguagem
jurídica formal, sem utilização de gírias ou expressões chulas que não são
comuns no ambiente acadêmico ou jurídico. Isso não quer dizer que a
linguagem utilizada tenha que ser necessariamente inacessível ao leitor leigo
no assunto, ao contrário, deve ser objetiva, clara e de fácil entendimento,
afinal de contas, quando se escreve está se direcionando o conhecimento
obtido para o outro e esse deve ser levado em consideração no momento da
escrita. Se assim não for feito, a comunicação perde o sentido científico que
é, no caso, a propagação do conhecimento científico produzido. Portanto, a
linguagem acadêmica deve ser formal e ao mesmo tempo acessível sua
compreensão.
A utilização de parágrafos curtos (em torno de dez linhas) é um
recurso técnico muito útil para que a demonstração das ideias seja feita de
forma pausada e facilite o entendimento por parte de quem está lendo.
Dentro da perspectiva da ciência, o método impõe à redação científica a
obrigatoriedade da coerência científica, ou seja, é preciso que haja estreita
relação entre a construção do raciocínio (desenvolvimento da pesquisa) e a
síntese da interpretação (conclusão da pesquisa). É essa sintonia que garante
status de verdade científica à redação acadêmica. Por outro lado, a
linguagem utilizada na redação científica deve ser de demonstração de uma
determinada interpretação jurídica e não uma linguagem de convencimento,
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