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A pandemia como gatilho para enfrentar o déficit habitacional da nossa cidade

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Vincent
AutorAndré Czitrom
Ocupação do AutorMestrando em Arquitetura e Urbanismo pelo Mackenzie
Páginas53-59
A PANDEMIA COMO GATILHO
PARA ENFRENTAR O DÉFICIT HABITACIONAL
DA NOSSA CIDADE
André Czitrom
Mestrando em Arquitetura e Urbanismo pelo Mackenzie. Pós-graduado em História
da Arte pela Faap. Graduado em Engenharia pelo Mackenzie. Empreendedor social e
CEO da Magik JC, incorporadora que desenvolve projetos Minha Casa Minha Vida no
Centro de São Paulo com arquitetura e design destinados a famílias que ganham de 0
a 6 salários mínimos. A empresa é certicada pelo Sistema B, rede global que apoia
negócios geradores de impactos positivos em suas áreas de atuação.
Aos leitores de um futuro pós-pandemia, esclareço que, enquanto escrevo, cidades
do mundo todo, especialmente no Brasil, vivem um vaivém na retomada de suas ativida-
des comerciais, escolares e corporativas. As perguntas se multiplicam e são reformuladas
numa velocidade arrebatadora. O historiador israelense Yuval Hariri já havia previsto que
uma das qualidades mais valorizadas neste século seria a resiliência e a capacidade em lidar
com mudanças e nos adaptarmos a elas. Ele não só acertou em cheio como anteviu que
não seriam apenas as pessoas, individualmente, que deveriam se prontif‌icar a enfrentar
uma profusão de transformações profundas, e sim a sociedade como um todo. Com a
pandemia, a única certeza que temos é a de que o que f‌izermos agora inf‌luenciará tudo
o que acontecerá nas próximas décadas. Nossa responsabilidade é enorme, e a urgência,
gigantesca. Termos de ser rápidos e trabalharmos em cooperação.
Aos olhos otimistas, temos a chance de revermos práticas e testarmos modelos, a
começar por priorizar o combate à desigualdade. No Brasil, a desigualdade está na própria
ocupação do território. Em algumas áreas, há farta infraestrutura e oferta de empregos
e, em outras, moradias precárias sem água nem para lavar as mãos. Ligando esses dois
mundos, ônibus e trens abarrotados e trajetos que consomem um tempo precioso que
poderia ser usado para a produtividade, o descanso, o estudo ou a convivência familiar.
O lugar onde uma pessoa mora diz muito sobre sua qualidade de vida no presente e
suas possibilidades de desenvolvimento. Não podemos nos resignar com esse tipo de
determinismo perverso.
Foi movido por essa ideia que comecei a buscar alternativas que contribuíssem
para aumentar a oferta de moradia de qualidade onde as pessoas mais querem e precisam
morar, o centro de São Paulo. E as pessoas precisam tanto do centro quanto o centro
precisa delas, pois os moradores é que fazem os lugares ganharem vida.
Desde os 17 anos, trabalhei em grandes companhias do setor de construção e em
2008 criei a minha própria, focada em médio e alto padrão que era o que acreditava que
funcionaria na época. Então veio a crise econômica iniciada em 2013, e o país entrou em
EBOOK DIREITO URBANISTICO.indb 53EBOOK DIREITO URBANISTICO.indb 53 22/02/2021 09:38:1022/02/2021 09:38:10

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