Prefácio
Autor | Ricardo Jacobsen Gloeckner |
Páginas | 25-29 |
25
PREFÁCIO
É um privilégio poder fazer um dos prefácios da obra A Busca da Verdade
no Processo Penal, originalmente apresentada como tese de doutorado no
Programa em Ciências Criminais da Pontifícia Universidade Católica do
Rio Grande do Sul.
O autor da obra Salah H. Khaled Júnior, atualmente professor da
Universidade Federal de Rio Grande – FURG é um exímio pesquisador, o
que se comprova não apenas pela imensa quantidade de referências biblio-
gráficas utilizadas em seu livro, mas também se notabiliza pelo domínio
interdisciplinar das temáticas que se vão encaixando, da história à filoso-
fia, da dogmática processual penal à criminologia.
O texto do professor Salah H. Khaled Júnior é um ato performático de
interdisciplinaridade. Trata-se de um estudo que poderia facilmente subs-
tituir os melhores livros de metodologia de pesquisa. Para aqueles que de-
sejam saber como proceder a uma pesquisa interdisciplinar (tendo como
pano de fundo o processo penal), a leitura deste livro oferece recursos,
pistas e um plano de ação irretocáveis. Metodologicamente consistente e
ao mesmo tempo, sem recorrer a artifícios retóricos que escondem a temá-
tica, Salah mergulha num dos temas mais recorrentes do direito proces-
sual, embora não menos difícil: a verdade. A caminhada interdisciplinar
é facilitada pela erudição do autor e pelo domínio de muitos campos de
saber. Daí a singularidade da obra que dificilmente poderia ser replicada
com o mesmo êxito de seu autor.
Evidentemente que a verdade é uma categoria que ultrapassa simul-
taneamente os mais distintos campos do saber. No entanto, ela assumiu
e ainda assume inegável interesse no campo do direito, especialmente o
segmento ao qual Salah dedicou sua atenção: o processo penal.
De fato, Salah desmancha qualquer tentativa simplista de enfrentamento
da verdade. Pode-se dizer, pelo primor das ideias desenvolvidas, que se
trata de um “anti-convite” a todos aqueles acomodados a slogans e bro-
cardos, ideias fossilizadas e certo gosto pela linearidade. O texto de Salah
certamente provoca um verdadeiro desencaixe naqueles acostumados a
tratar do tema da verdade pela disputa em termos de “verdade formal”
e “verdade real”. Com efeito, a proposta de Salah recobre um vasto cam-
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