Reconhecimento de identidade indígena pelo STF: necessária revisão de posições

AutorDaize Fernanda Wagner
Páginas216-230
Capítulo 6
RECONHECIMENTO DA
IDENTIDADE INDÍGENA
PELO STF
necessária revisão de posições
Comissão, índios presente, irmãos presentes, toda a nação. Eu ouvi atentamente todo
o pronunciamento do meu irmão, sei de toda a situação da terra e foi o que mais
debateram. Parece até vergonhoso em uma nação que vive uma democracia, o índio
hoje aparecer aqui falando em luta, lutas de guerra, me parece, porque está
defendendo seu direito. Sinceramente emociona, e muito.
Eu sou monitor bilíngue, falo a língua cairés, leciono na língua e escrevo na minha
língua. É uma das grandes preocupações do Sul hoje. Além disso, hoje eu exerço a
função de Presidente do Conselho Regional de Guarapuava, Estado do Paraná, Sul do
País. Eu represento 8 caciques da minha área, de aproximadamente 5 mil índios. Sou
Kaingang. Esse conselho é representado por Kaingangs e Guaranis. Existe um outro
em Londrina, lá, onde está presidindo um Guarani chamado Euzébio Martins, que me
parece não esta presente; era interessante ouvir o depoimento dele.
Eu estou só representando o Sul. Mas gostaria que outro representante se fizesse
presente, talvez em outros encontros, conforme a nossa ideia futura.
Parece-me que tanto à questão indígena, eu até me emocionei quando o companheiro
Yanomami falou no seu idioma. Impressionou-me porque a minha língua é bem
diferente, gostaria eu de entender a língua que ele falou, e tenho certeza de que ele
também gostaria de entender a minha língua.
Parece-me que está havendo uma falta de respeito à cultura indígena. Há o avanço da
mineração, avanço das grandes serrarias, os grandes e poderosos fazendeiros
violentam e afetam bastante a região Norte do País. Isso me preocupa. Eu quero
deixar o Yanomani e o companheiro Cromare, o outro cacique também representando,
quero dizer que o meu Conselho, da minha parte terá todo nosso apoio; só gostaria de
conhecer melhor. O Nelson Saracura também me parece ter um documento com
respeito a uma área em questão. Eu também gostaria de levar comigo e apresentar
aos nossos caciques do Sul a questão da terra do Nelson Saracura.
Recentemente, estivemos no Rio de Janeiro, lá também existe índio Guarani em duas
áreas em questão. E é uma questão política; sempre onde há interesse há também
questão política. No Rio de Janeiro tem duas áreas que estão nas mãos do Estado,
estão na mão da FUNAI, estão na mão do Governo Federal. Interessante: me parece
que o índio tem questionado, existem leis, existem legislações, existem termos de
demarcação de terras, mas até hoje as leis não foram cumpridas. Temos hoje uma

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