Território referência para gestão participativa e descentralizada
Autor | Eduardo Lima De Matos |
Páginas | 37-55 |
CAPÍTULO 2
TERRITÓRIO REFERÊNCIA PARA
GESTÃO PARTICIPATIVA E
DESCENTRALIZADA
1. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA
O Baixo São Francisco, última etapa da bacia hidrográca do rio São
Francisco, estende-se da cidade de Paulo Afonso até a foz do rio no Ocea-
no Atlântico, compreendendo as sub-bacias dos rios Ipanema e Capivara.
Situa-se em áreas dos Estados da Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas.
A altitude varia de 200 m até o nível do mar, embora na periferia, algumas
serras atinjam 500 m.
Destacam-se a planície costeira com altitude inferior a 100 m e tabu-
leiros do grupo barrreiras com altitude entre 200 e 100 m. A temperatu-
ra média anual é de 25ᴼ; a evaporação é de 2.300 mm anuais e a preci-
pitação média anual varia de 1.300 mm a 800 mm. As chuvas ocorrem
de março a setembro, ou seja, no inverno, enquanto, no restante do Vale,
as chuvas se vericam no verão. Nessa região ocorre, também, uma ní-
tida mudança na distribuição anual das chuvas, que nas proximidades
do Oceano se distribuem por todo o ano, embora mais concentradas no
outono e inverno, enquanto no seu interior, os meses chuvosos são os de
verão.1
A vegetação é de dois tipos: caatinga no trecho mais alto, e mata, na
região costeira. O clima é considerado tropical semi-úmido. As principais
são: Jeremoabo, na Bahia; Pesqueira e Bom Conselho em Pernambuco;
Propriá e Nossa Senhora da Glória, em Sergipe; e Arapiraca e Penedo, em
Alagoas2.
1 Dados extraídos do Atlas do São Francisco, produzido pela CODEVASF no ano de 2001.
2 Dados extraídos do Atlas do São Francisco, produzido pela CODEVASF no ano de 2001
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a crise hídrica: gestão participativa, descentralizada, pactuada e sustentável
eduardo lima de matos
O plano decenal da Bacia Hidrográca do rio São Francisco, elaborado
pelo Comitê de bacia Hidrográca do rio São Francisco, que constitui órgão
público integrante do Sistema Nacional de Recursos Hídricos, realizou uma
caracterização detalhada da bacia hidrográca do rio São Francisco, que
encontra-se como anexo desse projeto.
A bacia hidrográca do rio São Francisco contém uma ampla diversidade,
desde a sua nascente na Serra da Canastra, até a foz entre os estados de Sergi-
pe e Alagoas (Figura 1). Dentro da caracterização efetivada no Plano Decenal
da Bacia Hidrográca do Rio São Francisco, existe de fato uma diversidade
imensa entre o alto, médio, submédio e baixo São Francisco, tanto de ordem
climática, geográca, econômica e econômica, tendo cada região sua caracte-
rística especíca dentro da mesma bacia hidrográca.
Essa é uma característica permanente da bacia hidrográca do rio São
Francisco, sua diversidade em todos os aspectos, do geográco, ao climático
e ao econômico, Becker informou que
Ao analisarmos os documentos do Comitê no que se refere a distri-
buição das demandas por regiões é possível vericar que a utilização
da água para irrigação está concentrada, prioritariamente, no Médio
e Submédio São Francisco, correspondendo a 79% do total utilizado
para essa atividade. Enquanto que a demanda industrial é mais sig-
nicativa no Alto São Francisco onde corresponde a 62% do total.
As principais atividades industriais são: siderurgia, mineração, quími-
ca, têxtil, agroindústria, papel e de equipamentos industriais. No Baixo
São Francisco, soma de todas as demandas (humana, irrigação, animal
e industrial) chega a 7% da demanda total pelo uso da água na bacia.
Esta por sua vez, representa cerca de 8% da vazão média, estando as
maiores solicitações no Médio e Submédio, em decorrência do uso para
irrigação (Becker, 2011, p. 42).
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