BIO na Tecnologia , Direito , Economia e Gestão: uma abordagem interdisciplinar

AutorCarlos Ferrara Junior
Páginas219-248
CAPÍTULO 7
BIO NA TECNOLOGIA,
DIREITO, ECONOMIA E GESO:
UMA ABORDAGEM INTERDISCIPLINAR
Carlos Ferrara Junior
Doutor em Bioética, Mestre em Direito, Especialista em Administração Hospitalar,
Direito do Trabalho (material e processual) e Saúde Pública, Cirurgião Dentista e
Advogado. Atualmente ocupa o cargo de Diretor Geral de Ensino da União Social
Camiliana – São Camilo.
O século XXI ou será ético ou nós simplesmente não existiremos.
Esta é a hora dramática do resgate, no substrato mais profundo de nossa humanidade,
dos valores éticos fundamentais que tornam possível a vida, a convivência
respeitosa e harmoniosa, não beligerante, com diferente de nós (estranhos morais),
e um futuro de esperança para a humanidade.
Pessini, Bertachini e Barchifontaine
Sumário: 7.1. Considerações iniciais – 7.2. Denições e histórico; 7.2.1. Conceitos; 7.2.2.
Bioética e Responsabilidade; 7.2.3. Bioética e seus Princípios – 7.2.4. Bioética e o sistema
aberto dos referenciais – 7.3. A Gestão – 7.4. O Meio Ambiente do trabalho – 7.5. O Contrato
de Trabalho – 7.6. O Poder Diretivo; 7.6.1. Abuso do poder diretivo: o assédio moral – 7.7.
Possíveis Soluções por meio da Gestão baseada na Economia de Comunhão – 7.8. A gestão
pela Economia de comunhão – 7.9. A intermediação da bioética na Economia de comunhão
– 7.10. Conclusões – 7.11. Referências Bibliográcas
7.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O trabalho subordinado e o poder diretivo do empregador se entrelaçam no
cotidiano das relações laborativas por força do mesmo contrato de trabalho contra-
pondo de um lado o empregado, pessoa física que exerce atividades mediante salário,
subordinação, habitualidade e pessoalidade e do outro, o empregador responsável
pela direção das atividades prestadas. Esse contexto destaca o limite do poder diretivo
em respeito à dignidade do prof‌issional que cumpre com o objetivo f‌im da empresa
e a sua função social no mercado da gestão empresarial.
Apresentaremos, neste capítulo, o poder diretivo dos empregadores frente aos
colaboradores, na viabilidade de uma gestão empresarial satisfatória com trocas
humanas de alteridade em respeito à valorização da dignidade do prof‌issional por
meio da Economia de Comunhão.
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A abordagem consiste na perspectiva jurídica da gestão empresarial com as-
pectos da economia e aqui, a economia de comunhão. A pesquisa foi exploratória,
descritiva e explicativa a partir de revisão bibliográf‌ica e objetiva a verdade por meio
de uma atitude crítica e racional.
Destacamos as relações existentes entre o desvio do poder diretivo e a convivência
do empregado apresentando sua vulnerabilidade como fator para a desvalorização
da dignidade prof‌issional na gestão empresarial.
A convivência em ambiente onde colaboradores e demais prof‌issionais da gestão
agem nos estreitos limites do contrato de trabalho pode gerar uma convivência alta-
mente insatisfatória. Essa atuação deve estar pautada na chamada gratuidade, dife-
rente da gentileza e da boa educação ou de uma simples benef‌icência. Essa gentileza
só existe se a gestão respeitar a dignidade do prof‌issional pautada nas premissas do
direito à autonomia, do dever de não malef‌icência e na avaliação crítica de benefícios
frente aos riscos, o que coíbe a existência de assédio moral.
A gestão atual, com desrespeito a esses referenciais, é justif‌icada pela suposta
dif‌iculdade da obtenção do lucro do ponto de vista econômico e o alcance do resul-
tado positivo de sua gestão organizacional além do poder hierárquico.
Por se tratar de busca constante da valorização da dignidade do prof‌issional na
Gestão e atentando, sobretudo, pela coibição do Assédio Moral, fato esse muito co-
mum no cotidiano de trabalho, introduzimos os ensinamentos contidos no Projeto
da Economia de Comunhão e especialmente, pela intermediação da Bioética como
área de conhecimento constituída pela convergência de diversos saberes de forma
inter, multi e transdisciplinar, conduzindo-nos ao caminho certo na busca de valores
e objetivos econômicos, políticos e especialmente da boa gestão.
7.2. DEFINIÇÕES E HISTÓRICO
Sabe-se que quando se aborda questões que envolvem a Bioética, necessário se
faz apresentar sua origem e desenvolvimento no contexto global.
A origem da Bioética data do início de 1970, quando Van Rensselaer Potter
publicou um artigo intitulado Biothics, Sciense of Survival e, em seguida, o livro
Bioethics: Bridge to the future.
Na mesma época, ao criar o Instituto Kennedy de Ética (1971), André Hellegers,
expressa o termo e o conceito de Bioética, uma ética da vida, particularmente da vida
humana. Na enciclopédia de Bioética temos como conceito, o estudo sistemático da
conduta humana na área das ciências da vida e da saúde enquanto essa conduta é
examinada à luz de valores e princípios morais.
Nessa Perspectiva, Fritz Jahr desenvolveu uma visão de Bioética integradora
e um imperativo Bioético Universal. Contudo, a expressão Bioética ganhou cer-
tif‌icado de nascimento e vem se desenvolvendo a partir das publicações iniciais
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