Conclusão

AutorMarcella Furtado de Magalhães Gomes
Páginas132-134
CONCLUSÃO
A praxis da justiça promove no sujeito a consciência da virtude
de seu agir. Na medida em que o justo é o máximo da virtude, ou
seja, a realização de todas as virtudes éticas, a paideia da comunidade
política se dá por meio da obediência à lei. A legislação deve ser fruto
da excelência da razão prática, ou seja, elaborada pelo phronimos.
A ação conforme a lei revela ao sujeito, por meio da subsunção
racional do valor expresso na norma, a virtude de seu agir e da polis.
O mesmo se dá no tocante à consciência da lei viciosa. Há um
processo de conscientização que leva à manutenção ou à reforma das
leis da cidade e da vida ética individual.
Isto posto, podemos esquematizar nossas ilações:
1) O pensamento ético aristotélico sistematiza todo o caminho
percorrido por Sócrates e por Platão, reinterpretando-o e assumindo-
o em sua genialidade peculiar. Como na tradição anterior, o homem é
sua alma. Mas a divisão platônica da psyche é reformada, e ela tem,
assim, faculdades distintas: a vegetativa, a sensitiva e a intelectiva.
2) A ação humana, em virtude da razão, é diferente do movimento
dos animais. O homem é livre do determinismo natural e, portanto,
princípio de seu agir; desta forma, responsável pelas suas ações.
Ademais, o agir deve realizar o melhor do homem, assim, o fim
último de toda ação humana é a perfeita, a excelente atuação da
razão. A virtude ética é a praxis em conformidade com os limites
impostos pela razão aos desejos.
3) O agir humano revela-se como uma processualidade em três
momentos. Dois deles, estáticos, têm lugar na alma e se dividem em:
a) Irracional: o querer de algo, provocado pelo desejo que advém
da sensação, já que o sentir reflete no sujeito um prazer, em busca
do qual nos movimentamos. O movimento dos animais se
circunscreve a este momento unicamente;
b) Racional: a razão atua, interage com o querer, impondo a justa
medida ao desejo e possibilitando, desta forma, a atividade
própria de sua natureza, o conhecer. É necessário que a razão
domine os desejos para poder atualizar o seu fim.

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