O pensamento ético de aristóteles

AutorMarcella Furtado de Magalhães Gomes
Páginas45-59
2. O PENSAMENTO ÉTICO DE ARISTÓTELES
Concluído o percurso histórico, é-nos lícito adentrar a Ética
aristotélica. Este capítulo abordará, em primeiro lugar, a distinção
feita pelo estagirita entre a Ética e a Política, de forma a explicitar
nossas razões em seguir o caminho traçado na primeira. Em segundo,
buscamos distinguir o método da Ética daquele apresentado pelo
mestre para as ciências teoréticas. Em terceiro, faremos apresentação
sintética das obras éticas de Aristóteles, discutindo a problemática de
sua organização temporal e hierárquica. Finalmente, justificamos
nossa preferência pelo estudo detalhado da Ética a Nicômacos.
2.1. ÉTICA E POLÍTICA
Para Aristóteles, o real apresenta-se ao logos sob diferenciadas
formas, portanto, o conhecimento deve se dividir de acordo com a
diferença dos objetos aos quais se dirige, o que implica, também,
métodos diversos de investigação.
Assim sendo, Aristóteles distingue as ciências em três grandes
ramos. As ciências teoréticas buscam o conhecer por si mesmo, ou
seja, a contemplação da verdade de seu objeto. As ciências poiéticas
conhecem para, através do saber alcançado, produzir objetos úteis ao
homem. Nas ciências práticas o conhecimento direciona-se à praxis,
ou seja, de posse dele o homem aperfeiçoa, torna excelente o seu agir,
tanto como indivíduo, quanto como integrante da polis. Esclarece Vaz
(1999, v. IV, p. 116-117):
Nas ciências teoréticas e poiéticas, o fim é a perfeição do objeto: ou a ser contemplado
em sua verdade na teoria, ou a ser fabricado em sua utilidade na poiesis. Na ciência da
praxis ou ciência prática, o fim é a perfeição do agente pelo conhecimento da natureza e
das condições que tornam melhor ou excelente o seu agir (praxis).
As ciências práticas são denominadas por Aristóteles política ou
filosofia das coisas humanas e subdivididas em Ética – que tem como
objeto a praxis individual – e Política propriamente dita ou teoria do
Estado que investiga o agir do homem como cidadão, ou seja, na
polis.Em consonância com o pensamento grego de sua época, o
estagirita, subordina a Ética à Política:

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