Das casas às ruas: pequenas ideias para resgatar a dignidade do direito do trabalho

AutorMárcio Túlio Viana
Ocupação do AutorProfessor no Programa de Pós-graduação da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas)
Páginas54-58
CAPÍTULO 3
(1) Professor no Programa de Pós-graduação da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas). Pós-doutor junto às Universidades
de Roma I e II. Desembargador aposentado do TRT da 3ª Região. Ex-professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Das Casas às Ruas:
Pequenas Ideias para Resgatar a
Dignidade do Direito do Trabalho
MÁRCIO TÚLIO VIANA
(1)
Resumo: Até algum tempo atrás, tanto os nossos lares como a fábrica, o sindicato e o próprio Direito podiam ser retratados, meta-
foricamente, pelo modelo casa. Todos se apresentavam firmes, sólidos, guardados por fortes paredes, tanto em sua dimensão ma-
terial quanto no plano simbólico. Hoje, parece haver uma tendência para o modelo rua. Neste modelo, portas e janelas se abrem
para o incerto, o fluido, o mutante. Este texto avalia o possível futuro do sindicato e do Direito do Trabalho diante da nova realidade.
Palavras-chave: Direito do trabalho. Pós-modernidade. Sindicato. Dignidade
Abstract: Throughout most of their history, elements such as the home, the factory, the Union and Labour Law itself were largely
represented by the figure of the house. All of these forces presented themselves as firm, solid, as if symbolically guarded and sup-
ported by strong walls on each side. Recently, there seems to have been a shift towards a road model and figure. In this model,
doors and windows open towards the unknown, the fluid, the mutating. This essay contemplates the future of Labour Law and
Trade Unions given this shift from house to road; from solid to malleable.
Keywords: Labour Law. Post modernism. Trade union
“Janelas e portas vão se abrir...
(Erasmo Carlos, “Debaixo dos caracóis”)
1. INTRODUÇÃO
A palavra “lar” é tão curta quanto rica. Ela nos reme-
te, por exemplo, ao espaço físico onde vivemos, junto
às pessoas que nos são mais próximas e queridas; ao
deus que os antigos cultuavam, e que protegia a famí-
lia, na forma do fogo; à sensação de estarmos num re-
canto nosso, e de mais ninguém, e onde os estranhos
só entram se autorizados por nós.
Durante milhares de anos nos habituamos a ver
o lar– em sua expressão material – na forma de uma
construção de pedras ou tijolos, com as suas paredes,
o seu teto e o seu chão, assim como as suas portas e
janelas. Sob os aspectos real e metafórico, esta cons-
trução– a casa– transmitia a ideia não só de solidez e
permanência, mas de defesa e proteção.
Com a modernidade, especialmente, o lar (ou a casa)
passou também a simbolizar, em certo sentido, a nossa
relação com o espaço e o tempo, um e outro bem sepa-
rados, bem definidos– à semelhança dos quartos, salas e
banheiros, cada qual em seu lugar– e por sua vez definin-
do os nossos próprios passos ao longo dos dias e da vida.

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