Como Dizia o Poeta

AutorPedro Paulo Filho
Ocupação do AutorFormado pela Faculdade de Direito da Universidade Mackenzie, foi o 1º presidente da 84ª Subsecção da Ordem dos Advogados do Brasil
Páginas291-292

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Sempre que a acusação no Júri estava afeta a um certo promotor público, grande número de advogados, outros promotores e até juízes vinham compor a numerosa assistência, lotando o recinto.

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Não porque o representante do Ministério Público fosse um talentoso jurista ou portador de esmerada cultura, mas porque de boa oratória, tinha incrível capacidade de sair do tema que no momento abordava, quando o advogado de defesa o encurralava com apartes imprevistos. Os seus discursos eram vazios de conteúdo técnico, mas o homem tinha na cabeça portentoso acervo poético recolhido dos mais categorizados poetas nacionais e estrangeiros.

O usual nessas ocasiões incômodas no Júri, é a saída tranqüila do "chegarei lá" ou "responderei no momento oportuno ao brilhante aparte de vossa excelência". É uma das maneiras de pôr água fria na fervura.

Mas o nosso promotor costumara sair desses apertos com uma fórmula própria, assim;

"Porque, como dizia o poeta..." e descarregava uma saraivada de versos...

Enfrentava, certa vez, notável advogado que, ao lado dos seus conhecimentos jurídicos e grande oratória, trazia a capacidade inata de repentista, improvisando versos sempre vindos a calhar no ambiente, em torno do assunto.

E, muito ágil e solene, numa daquelas fugas do promotor (...porque, como dizia o poeta...), o advogado tomou-lhe a palavra, interrompendo-o com versos sonoros, que iam do simples ao patético, citando o nome dos pseudo-autores dos improvisos...

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