Mediação familiar com crianças

AutorLisa Parkinson
Ocupação do AutorM.A. (University of Oxford), C.Q.S.W. (London and Bristol Universities)
Páginas255-279
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CAPÍTULO
MEDIAÇÃO FAMILIAR
COM CRIANÇAS
“Eu acho que deve haver algum tipo de acordo entre as crianças
e os pais sobre o que vai acontecer. Eu acho que as pessoas que
estão envolvidas não devem tomar decisões sozinhas, mas ajudar
umas as outras para alcançar algum tipo de acordo sobre
o que seria o melhor.
(Jake, 11 anos, citado por NEALE; WADE, 2000, p. 32).
SUMÁRIO: 1. A necessidade de ouvir as crianças. 2. A opi-
nião das crianças. 3. Os juízes devem ouvir as crianças?
4. Mediação focada na criança. 5. Garantias que os pais
precisam dar às crianças. 6. Mediação que incluir crianças.
7. Possíveis desvantagens da inclusão das crianças na me-
diação. 8. Potenciais benefícios da inclusão das crianças
no processo de mediação. 9. Pré-requisitos para inclusão
de crianças. 10. Acordos entre pais e mediadores antes de
incluir as crianças. 11. A a bordagem à criança e o con-
sentimento da criança. 12. Experiência infantil – a criança
incluída no processo de mediação. 13. Aptidão, conheci-
mento e competências para a mediação que inclui crian-
ças. 14. Mediação entre pais e crianças. 15. Mediação com
crianças, pais e professores. 16. Grupo de estudos com as
crianças de pais separados. 17. Crianças treinadas como
mediadores de pares. 18. Uma abordagem holística.
MEDIAÇÃO FAMILIAR
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mediação familiar
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1. A NECESSIDADE DE OUVIR AS CRIANÇAS
“O tribunal e as partes devem estar conscientes da necessidade
de assegurar que as crianças envolvidas no processo de tomada de
decisão, sejam recebidas num ambiente apropriado para a sua idade,
com uma linguagem simples e compatível com seu de entendimento”
(Programa Arranjos Criança, Gabinete do Presidente, 2014).
Muitas crianças querem poder falar sobre os acordos estabeleci-
dos por seus pais após a separação. Elas querem ser ouvidas e querem
que seus pais levem em conta suas opiniões e sentimentos (SMART;
NEALE, 2000; FORTIN et al. 2012). No entanto, quando seus pais
estão se separando, as crianças são, na maioria das vezes, deixadas
de lado. Os pais podem não ter contado aos lhos o que estava acon-
tecendo e, raramente, as crianças sentem que suas opiniões são le-
vadas em consideração. Um quarto das crianças, cujos pais haviam
se separado, disse que ninguém havia falado com eles sobre a se-
paração no momento em que ela foi ocializada. Apenas 5% dis-
seram que tinham sido comunicadas e que tiveram a oportunidade
de fazer perguntas aos pais (DUNN; DEATER-DECKARD, 2001).
Coube à mãe em mais de 70% das famílias, contar às crianças, sendo
que algumas mães disseram às crianças que o pai havia ido embora,
sem dar qualquer explicação (COCKETT; TRIPP, 1994). Uma menina
disse a respeito de sua mãe: “Ela não entendia como eu me sentia.
Ela estava muito ocupada, indignada com a situação” (MITCHELL,
1985, p. 94). Um menino comentou: “Você é a primeira pessoa que
se deu o trabalho de me perguntar como eu me sentia” (MITCHELL,
1985, p. 81). Morrow (1998) constatou que a maioria das crianças
queria apenas poder dizer como elas estavam se sentindo. É impor-
tante ressaltar que até mesmo as crianças entendem a noção de falar
e serem ouvidas. Algumas crianças querem ser ouvidas e envolvidas
no processo de tomada de decisão, enquanto outras querem apenas
ser consultadas, pois não querem qualquer responsabilidade pelas
decisões. “Precisávamos saber o que estava acontecendo, como fa-
zer para as coisas darem certo ... Nós sabíamos que precisávamos
de ajuda de fora, mas não sabíamos a quem recorrer. Ninguém pare-
cia estar lá para nos ajudar, especialmente nós, as crianças. Mamãe
e papai tinham os seus advogados, mas nos não tínhamos ninguém”
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