Prefácio

AutorRosângelo Rodrigues de Miranda
Ocupação do AutorPromotor de Justiça do MPMG Pós-doutor em Direito Professor da FADIVALE (Orientador do autor na dissertação que deu origem à obra)
Páginas9-13
Prefácio
Dentre os sentidos humanos o olhar talvez seja aquele que
mais nos encanta e nos maravilha. Ele nos revela a complexidade
do mundo, nos aproxima das estrelas, nos põe diante de quem
amamos, nos aprisiona pela paixão, desvela o belo da arte e distin-
gue os objetos propiciando o saber cientí co. O olhar liberta, pois
quando se  xa no horizonte ele desperta a imaginação que nos leva
a criar novas realidades, novos mundos nos quais somos outros,
somos mais justos, mas sensíveis, mais íntegros, mais verdadeiros.
No entanto, este melhor olhar que liberta pode se tornar
tirânico. Na modernidade o olhar passou a ser um instrumento da
política.
Rousseau (1732/1778) a rmava que um dos modos e cazes
de diminuir a corrupção e forçar os parlamentares a cumprirem
os mandatos em sintonia com o desejo da soberania popular era a
constante vigilância pelo olhar que o povo deveria exercer sobre
os parlamentares. Ele dizia, portanto, que o parlamento deveria
ter a estrutura de um estádio no qual os parlamentares  cassem no
centro e o povo, aos milhares, deveria  car nas galerias olhando e
vigiando as ações dos parlamentares. O olhar presente e vigilante do
povo, a rmava Rousseau, geraria nos parlamentares constrangimento
e vergonha, os forçando ao bom comportamento.
A integridade moral do parlamentar não advinha de sua
vontade mas da pressão do olhar do povo sobre ele.
Jeremy Bentham,  lósofo e jurista inglês (1748/1832) entendeu
como ninguém a importância do olhar como instrumento de controle
O Panóptico no Território das APACs [14x21] [DIAG PEDRO].indd 9 05/12/2017 14:20:30

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