O agravamento dos casos de violência doméstica durante e a pandemia de covid-19

AutorMarcos da Silva Ribeiro Junior
Páginas337-355
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O AGRAVAMENTO DOS CASOS DE VIOLÊNCIA
DOMÉSTICA DURANTE E A PANDEMIA DE COVID-19
Marcos da Silva Ribeiro Junior
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Resumo: O presente artigo busca discutir qual seja o cenário
representado pelo agravamento dos casos e violência doméstica
durante a pandemia causada pelo COVID-19, dando destaque aos
fatores históricos que perspassam este fenômeno, assim como
também aos impactos da violência atrelado às questões de
isolamento social e às medidas de seguridade às vítimas de
violência. Quanto à metodologia utilizada, realizou-se um estudo
bibliográfico, qualitativo, de cunho descritivo e exploratório, onde
foram examinadas as literaturas pertinentes à temática em foco.
Concluiu-se que muitas são as medidas que precisam de fato serem
tomadas para mitigar a causa e oferecer aporte e acolhimento às
vítimas, de forma que possam tomar proporções maiores, além do
papel. O medo, a instabilidade e a insegurança ainda permeiam as
vítimas e dão força ao agressor, observações que são reveladas nas
subnotificações de casos, por exemplo.
Palavras-chave: Agressão; Isolamento Social; Vítima;
Coronavírus.
1 Assistente Social Licenciado em Serviço Social pelo Centro Universitário Geraldo Di
Biase (2016), especialização em Gestão Pública com Ênfase em Saúde e Assistência
Social pela Faculdade de Ciência e Educação do Caparaó (2020), especialização em
Docência em Serviço Social pela Faculdade Unyleya (em curso), ampla experiência na
política de Assistência Social atuando como Coordenador no Centro de Referência de
Assistência Social (CRAS) em Valença-RJ nos anos de 2017/ 2018. Atualmente atuando
como Assistente Social do Hospital Escola Luiz Gioseffi Jannuzzi em Valença-RJ e
Professor do curso de Serviço Social do Centro Universitário de Valença / UNIFAA.
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1. Introdução
O patriarcado vem se prolongando através dos tempos e
consolidando como um problema enraizado na sociedade. É dele
que provém as desigualdades de gênero, a depreciação feminina
nas relações, o machismo, o sexismo e tantos outros pré conceitos e
injúrias. Weber (1964) explica as relações patriarcais como um
contexto onde um poder sendo exercido por somente um
indivíduo, estabelecido por meio de ideais hereditários fixos. Deste
modo, a violência se tornou importante arma de subjugação e
domínio dentro dos lares, sendo praticada principalmente pelo
homem na figura de agressor e patriarca da família, em detrimento
da mulher e dos filhos.
Entre outros aspectos, a pandemia instaurada pelo contágio
do COVID-19, trouxe à população mundial uma nova realidade
exposta como principal estratégia para contenção da propagação do
vírus: o isolamento e distanciamento social. A maioria dos países
adotou esse mecanismo como uma de suas principais ferramentas,
frente a um cenário configurado por medos e incertezas, onde a
população precisou se acostumar a poder sair de casa somente para
situações de extrema necessidade. Segundo Maciel et al. (2019) as
dinâmicas anteriormente presentes nas rotinas de muitos
indivíduos, foram alteradas pelos novos costumes, o que acarreta
outras problemáticas sociais, dentre elas as tensões dentro dos
lares. É fato que a violência doméstica é uma realidade vivida
dentro de muitos lares, onde, se há maior permanência em casa por
conta do isolamento social, logo haverá também aumento nos casos
de violência doméstica, principalmente em situações pré existentes
onde a vítima começa a passar mais tempo em companhia do
agressor. Questões como a falta de mobilidade, distanciamento de
amigos e familiares, ócio e incertezas, todas presentes no cenário
pandêmico, ocasionam tensões sociais e problemas de convivência,
que podem, e na maioria das vezes de fato resulta, em episódios de

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