O cenário atual da terceirização no Brasil

AutorAdriano Dutra da Silveira
Páginas21-42
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A terceirização é uma realidade mundial, especialmente nas
grandes economias, considerando-se as necessidades do mercado,
bem como a busca incessante de maior competitividade, por meio
da melhoria de processos, eciência, qualidade e redução estrutural
de custos.
No Brasil, não é diferente, em especial na última década. Em
2014, a Confederação Nacional das Indústrias (CNI) realizou a
pesquisa Sondagem Industrial Especial, sobre terceirização, com
2.330 indústrias. Posteriormente, em 2016, realizou uma segunda
sondagem sobre o tema, que foi publicada em março de 2017.
O estudo de 2016, que cito pela importância histórica, revelou
que aproximadamente 63,1% das empresas industriais (transfor-
mação, extrativa e construção) utilizam a terceirização. Segundo o
estudo, o percentual era um pouco inferior à pesquisa realizada em
2014, quando chegava a 69,7%, e se justicaria pela fraca atividade
econômica do período.
Outro dado importante coletado refere-se à expectativa de
utilização dessa ferramenta de gestão nos próximos anos: 84% das
empresas industriais que contratam serviços terceirizados demons-
traram a intenção de manter ou aumentar o volume da prática.
22 • Adriano Dutra da Silveira (organizador)
Os resultados mencionados e a prática de mercado, demonstram
que a terceirização está efetivamente integrada aos processos da in-
dústria, uma vez que é utilizada de forma recorrente em larga escala.
Em que pese não ter ocorrido levantamento semelhante após a
reforma trabalhista, entendo que, certamente, a alteração na legis-
lação sobre terceirização, permitindo a transferência de quaisquer
atividades, inclusive a principal, foi fato gerador da consolidação
da prática da terceirização e da redução da insegurança jurídica, o
que será tratado oportunamente neste livro.
Para não carmos restritos ao setor industrial, outro estudo
interessante, sob o ponto de vista histórico, é a pesquisa setorial re-
alizada sistematicamente pelo Sindicato das Empresas de Prestação
de Serviços a Terceiros, Colocação e Administração de Mão de Obra
e de Trabalho Temporário no Estado de São Paulo (Sindeprestem).
Em agosto de 2014, essa pesquisa apontou, entre outros dados,
que, no Brasil, temos um universo de 14,3 milhões de trabalhadores
em serviços terceirizados, o que representa 32,5% dos empregos
formais. Esses prossionais estão vinculados a cerca de 790 mil
empresas de serviços terceirizados. Evidentemente, esses dados
correspondem apenas às atividades vinculadas ao Sindeprestem,
deixando claro que o universo total é bem maior.
Considerando que o Brasil ainda está em um processo evolutivo
no que se refere a uma cultura de levantamentos e pesquisas, nos
mais diversos setores, entendo que os dados apurados pela CNI e o
Sindeprestem são muito relevantes para o estudo do fenômeno da
terceirização. Anal, apesar de serem setoriais, demonstram um real
indicativo da importância do fenômeno da terceirização em termos
de volume e de importância estratégica.
Outro ponto interessante são os estudos a respeito do futuro
do trabalho. Esses apontam o crescimento do setor de serviços e o
incremento da terceirização em nível mundial.
Nas palavras de Gijs van Delft, CEO do PageGroup no Brasil,
durante palestra sobre o futuro do trabalho, realizada em 2019 em
São Paulo, “os prossionais do amanhã são aqueles que trabalham
diretamente com projetos. Ou seja, pessoas que atuam em proje-
tos de curta duração, com prazo de início e m”. Nesse sentido,

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