Dos Juramentos

AutorCesare Beccaria
Páginas61-62

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Nasce uma contradição, entre as leis e os sentimentos naturais humanos, dos juramentos que se exigem do réu para que seja um homem verdadeiro quando tem o máximo interesse em ser mendaz; como se o homem pudesse jurar sinceramente que concorrerá para a própria destruição; como se a religião não calasse na maior parte dos homens quando fala o interesse. A experiência de todos os séculos fez ver que, mais do que outra coisa, eles têm abusado desse precioso bem do céu. E por que motivo haveriam os criminosos de respeitá-la, se a têm violado frequentemente os homens considerados mais sábios? Muito fracos, por muito afastados dos sentidos, são para a maioria os motivos que a religião contrapõe ao impulso do medo e ao amor da vida. Os assuntos do céu regem-se por leis certamente diversas das que regulam os assuntos humano: por que comprometer, pois, uns com os outros? Por que colocar o homem na terrível contradição de faltar a

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Deus, ou concorrer para a própria ruína? De modo que a lei que ordena esse juramento obriga a ser mau cristão, ou mártir. Pouco a pouco o juramento...

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