Uma Derrota Cheia de Glória

AutorPedro Paulo Filho
Ocupação do AutorFormado pela Faculdade de Direito da Universidade Mackenzie, foi o 1º presidente da 84ª Subsecção da Ordem dos Advogados do Brasil
Páginas183-185

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A sessão do Júri que condenou Basílio de Moraes realizou-se na antiga Capital Federal, em 5 e 6 de abril de 1987. O réu, à época, era amasiado com Leonor dos Santos, que gerenciava o Recolhimento de Santa Rita de Cássia, mais tarde, substituída por Catarina de Mello, que também respondeu ao processo-crime.

Presidiu a sessão o juiz Lima Drummond, sendo a acusação feita pelo promotor José Luiz de Bulhões Pedreira.

Catarina de Mello, que teve como seu advogado Alberto de Carvalho, e Pedro de Moraes, funcionário do Recolhimento, foram absolvidos, mas, Basílio de Moraes, em virtude das respostas do Conselho de Jurados, foi condenado ao máximo da pena e mais o excesso da sexta e da quarta parte da pena (arts. 66, parágrafo 2º e 273 do Código Penal, então vigente).

Embora derrotado na defesa de seu pai, Evaristo de Moraes foi alvo de gloriosas referências durante a sessão do Tribunal do Júri.

O advogado Alberto de Carvalho, defensor de Catarina de Mello, a certa altura de sua defesa, apontando para Evaristo, proclamou: "Naquela tribuna levantou-se uma luz estranha que, iluminando todos os fatos da causa, modificou-lhe a anterior fisionomia, que já a crueldade da Acusação, já a excessiva impressionabilidade do público, já as prevenções de toda a espécie, tinham exagerado e adulterado profundamente, e, este processo, cercado de tantos ódios, de tão grandes animosidades, acompanhado com tamanha indignação pela opinião pública, a esta hora já não é o mesmo, já não é o grande amontoado de monstruosos crimes que se diziam ser, nem o miserando réu Basílio de Moraes é aquele sátiro asqueroso, aquele execrando criminoso contra o qual haviam açulado todos os ódios populares".

E, voltando, novamente, para Evaristo de Moraes, o defensor de Catarina de Mello, olhando-o fixamente, elevou a voz: "Imortalizastes esta gloriosa tribuna de defesa, aumentaste-lhe o patrimônio de glórias,

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e, devo dizê-lo com a maior efusão, dominado por um insuperável arrastamento, imortalizaste-vos na defesa de vosso pai - o vosso sacrifício alteou o vosso talento; esta luta trágica que acabais de travar na defesa paterna incrementou prodigiosamente as vossas forças, o holocausto a que vós atirastes, converteu-se em imprevisto e decisivo triunfo.

E eu que aqui tinha vindo para consagrar-me inteiramente à defesa de Catarina de Mello, não posso deixar de unir-me a vós nesta luta, luta trágica e pungente, em que isolado e só, vós digladiastes contra uma cidade...

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