Trabalho reificado e dignidade humana à luz da laborem exercens
| Autor | André Gonçalves Fernandes |
| Ocupação do Autor | Graduado cum laude pela Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. Mestre, Doutor e Pós-Doutorando em Filosofia e em História da Educação pela Unicamp. Juiz de direito titular de entrância final |
| Páginas | 131-156 |
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TRABALHO REIFICADO E DIGNIDADE
HUMANA À LUZ DA
LABOREM EXERCENS
André Gonçalves Fernandes
Graduado cum laude pela Faculdade de Direito do Largo de São
Francisco. Mestre, Doutor e Pós-Doutorando em Filosofia e em
História da Educação pela Unicamp. Juiz de direito titular de
entrância final. Pesquisador do grupo Paideia, na linha de ética,
política e educação (DGP – Lattes) e professor-coordenador de
metodologia jurídica do CEU Escola de Direito. Juiz Instrutor da
Escola Paulista da Magistratura. Colunista do Correio Popular de
Campinas. Detentor de prêmios em concursos de monografias
jurídicas e de crônicas literárias. Autor de livros publicados no
Brasil e no Exterior e de artigos científicos em revistas especiali-
zadas. Titular da cadeira 30 da Academia Campinense de Letras.
Resumo: O trabalho é tido, no mundo contemporâneo, como uma das
características que distinguem o homem das demais criaturas e cuja
atividade é relacionada com a conservação da própria vita activa. O
trabalho vem a ser também, na Encíclica Laborem Exercens, “a chave
da questão social”. No século passado, o problema do trabalho coinci-
dia com as questões salariais e de condições laborais entre patrões e
operários.
Hoje, o mesmo problema, reconsiderado, a par das mesmas questões,
ainda suscita conotações muito diferentes. Com efeito, a humanidade
ruma ao fim de um ciclo civilizatório, caracterizado pela matriz energé-
tica dos hidrocarbonetos, e está apta a desencadear um outro, onde a te-
lemática e a automação industrial darão nova cadência à produtividade
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laboral do homem e revolverão profundamente os tipos e as condições
do trabalho humano, além de seu sentido e alcance existenciais.
Nesse novo ciclo, será de extrema importância o resgate das fontes da
dignidade do trabalho em sua dimensão subjetiva: o primeiro funda-
mento do valor do trabalho é o próprio homem, considerado como pes-
soa e, por isso, convém que seja engrandecido por meio de seu regime
de trabalho e não reduzido a um mero instrumento dos ditames facil-
mente reificáveis daquela produtividade.
Palavras-chave: Trabalho Humano – Reificação – Dignidade Humana
– Sociedade.
Sumário: 1. Introdução – 2. Desenvolvimento – 3. Considerações finais
– Referências bibliográficas.
1. Introdução
Podemos dizer que três são as correntes predominantes
na conceituação do trabalho:
a) O pensamento clássico, representado sobretudo por
Aristóteles, cuja incidência é notada ao longo de toda
a Idade Média e, ainda em alguns aspectos, até os
nossos dias;
b) A inflexão cartesiana, nos primórdios da filosofia
moderna, em que a perspectiva clássica é alterada;
c) O aporte do Cristianismo, a partir da Encíclica Rerum
Novarum e as subsequentes Quadragesimo Anno, La-
borem Exercens e Centesimus Annus, as quais mati-
zaram e ressignificaram os eixos estruturantes das
concepções anteriores, em prol de uma estrita e real
dignificação do trabalho humano.
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