A visão católica sobre justiça econômica -os princípios ético-sociais segundo a verdade e aplicados para o bem comum?

AutorPaulo Henrique Cremoneze
Ocupação do AutorMestre em Direito Internacional Privado. Pós-graduado em formação teológica. Membro da UJUCASP ? União dos Juristas Católicos do Estado de São Paulo. Advogado
Páginas253-279
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A VISÃO CATÓLICA SOBRE JUSTIÇA
ECONÔMICA
Os princípiOs éticOs-sOciais segundO a Verdade e
aplicadOs para O bem cOmum
Paulo Henrique Cremoneze
Mestre em Direito Internacional Privado. Pós-graduado em
formação teológica. Membro da UJUCASP – União dos Juristas
Católicos do Estado de São Paulo. Advogado.
“À luz da centralidade de Cristo de Cristo, à Gaudium et Spes in-
terpreta a condição do homem contemporâneo, a sua vocação e
dignidade, assim como os âmbitos da sua vida: a família, a cultu-
ra, a economia, a política e a comunidade internacional. Esta é a
missão da Igreja ontem, hoje e sempre: anunciar e dar testemunho
de Cristo, para que o homem, todo homem, possa realizar plena-
mente a sua vocação.”
Papa Bento XVI, Angelus, 20 de novembro de 2005.
“Aí onde estão nossos irmãos, os homens, aí onde estão as nossas
aspirações, o nosso trabalho, os nossos amores, aí está o lugar do
nosso encontro cotidiano com Cristo, Deus nos espera cada dia:
no laboratório, na sala de operações de um hospital, no quartel, na
cátedra universitária, na fábrica, na oficina, no campo, no seio do
lar e em todo o imenso panorama do trabalho.”
São Josemaria Escrivá de Balaguer, Homilia:
Amar o mundo apaixonadamente.
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UJUCASP
Sumário: Introdução – 1. Como compatibilizar a valorização do traba-
lho e a liberdade de iniciativa, princípios fundamentais da ordem eco-
nômica da Lei Suprema (art. 170, caput)? – 2. Que aspectos das En-
cíclicas sociais de Suas Santidades, desde a Rerum Novarum do Papa
Leão XIII, são mais importantes para a implantação no século XXI?
– 3. Políticas sociais para famílias de baixa renda deveriam exigir con-
trapartida como a obrigação de os filhos estudarem? – 4. É possível
praticar distribuição de riqueza sem geração de rendas? 5. Como es-
timular investimentos no país, competindo com outras nações na sua
tração, cuidando simultaneamente de políticas sociais? – 6. O excessivo
crescimento da burocracia é ou não inibidor de reais políticas sociais?
– Conclusão.
Introdução
As duas citações acima, a do Papa Bento XVI e a de São
Josemaria Escrivá, apontam bem o trabalho como via de san-
tidade e autêntica vocação cristã, razão pela qual caem como
luvas às mãos ao assunto central do presente estudo: a busca
da simetria entre economia e justiça.
A vida do homem tem muitas dimensões e todas se re-
lacionam intimamente. Assim, o cristão tem que dar o tes-
temunho de sua fé em muitos cenários, sempre com vigor e
coerência. Não há, portanto, como excluir a economia desse
contexto, sendo também ela – ou, melhor, sobretudo ela – um
campo vasto e importante para o exercício da fé e todos os
seus valores.
O tema “Justiça Econômica” é complexo e poliédrico, afi-
nal não são poucas as formas de abordagem, uma vez que am-
plo seu conteúdo.
Quando o mesmo tema é tratado à luz da fé cristã e da sã
doutrina católica, a complexidade alarga-se e o nível de difi-
culdade é igualmente dilatado.
Não obstante, o amor pelo assunto é simetricamente pro-
porcional ao grande desafio.

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