Mineração e vulnerabilidade: como a dependência socioeconômica renova a necropolítica

AutorMateus Rocha Lima
Páginas118-131
MINERAÇÃO E VULNERABILIDADE
COMO A DEPENDÊNCIA SOCIOECONÔMICA
RENOVA A NECROPOLÍTICA
Mateus Rocha Lima1
“Sim, o mundo está absurdamente esquisito. Já ninguém confia nas
imposições dos prefeitos; a esta hora, na terra, é um tanto carnaval, um
tanto conspiração, um tanto medo. Metade fé, metade folia, metade
desespero. E, provavelmente, a esta hora, uma metade do mundo está
vencendo e a outra metade, dormindo; há outra metade limpando as
armas, outra limpando o pó das flores.”
(Matilde Campilho)
Resumo: Atravessando entradas e bandeiras, vilas e províncias,
quintos e inconfidências, a atividade de extração de minérios fundiu-
se com a formação historiográfica de Minas Gerais, trazendo
influências e indigências definitivas no âmbito socioespacial,
cultural, bem como, econômico. A riqueza extraída da terra,
nomeada por quadrilátero ferrífero, incrementou o PIB nacional e
contribuiu para que as corporativas e suas consorciadas
competissem em nível tecnoglobalista, bem como, por
consequência, consolidou a ideologia desenvolvimentista do lucro a
todo e qualquer custo. Nesse sentido, à medida que as
tonelagens das jazidas se convertiam em capital, crescia a
dependência da região pela atividade, o que, fatalmente, repercute
nas estruturas legais e políticas que deveriam atender ao meio
ambiente e às populações vulneráveis. Este trabalho objetiva
analisar, sob a perspectiva da necropolítica, a relação da atividade
extrativista frente a sujeitos vulneráveis e ocultados pelos interesses
econômicos e pelas conjunturas assimétricas das relações de poder.
Com efeito, consoante esse intento, valer-se-á de uma abordagem
qualitativa e de uma técnica bibliográfica-documental a par dos
recentes desastres-crime sociotecnológicos, conforme uma

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