As Concepções Filosóficas de Justiça
| Autor | Erica Rezende Colodeti e Clintton Furtado de Mendonça da Rocha |
| Páginas | 567-586 |
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AS CONCEPÇÕES FILOSÓFICAS DE JUSTIÇA
Erica Rezende Colodeti
Clintton Furtado de Mendonça da Rocha
Resumo: A justiça é a mais importante virtude que deve estar presente
na sociedade, bem como, nas instituições sociais e toda estrutura social
deveria ser fundada em princípios de justiça. Uma sociedade é formada
por um conjunto de pessoas que vivem sob as regras de condutas e as
respeitam e essa sociedade é bem ordenada quando as regras que as
regem são fundadas em princípios de públicos de justiça. Viver em
sociedade bem ordenada implica em saber e aceitar que o outro também
conhece e segue as mesmas regras. A convivência em sociedade só é
possível na medida em que se compartilhe um conceito de justiça na
solução de problemas. Uma sociedade só é bem ordenada quando segue
princípios de justiça. Assim sendo as decisões legislativas, políticas ou
contratuais devem estar sujeitas a esses princípios.
Palavras-chave: Justiça. Fundamentos. Filosóficos.
Abstract: Justice is the most important virtue that must be present in
society, as well as in social institutions, and every social structure
should be founded on principles of justice. A society is formed by a
group of people who live under the rules of c onduct and respect them
and that society is well ordered when the rules that govern them are
founded on the principles of the public. Living in a well-ordered society
implies knowing and accepting that the other person also knows and
follows the same rules. Coexistence in society is only possible to the
extent that a concept of justice in problem solving is shared. A society
is only well ordered when it follows principles of justice. Therefore,
legislative, political or contractual decisions must be subject to these
principles.
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Keywords: Justice. Foundations. Philosophical.
INTRODUÇÃO
Na Grécia antiga, a justiça era entendida como uma ação
ajustada, ordenada e harmônica, havia a ideia de adequação com o
universo, podemos usar como exemplo a alegoria da harpa de Apollo e
do toque de ouro, a perfeita harmonia. Na mitologia grega, a justiça está
ligada à harmonia, ou seja, quando tudo está em harmonia, aí há justiça.
(BULFINCH, 2002, p. 60).
Em Platão, a justiça traz a reflexão, um paralelo entre o
indivíduo e a polis, o justo como adjetivo para o indivíduo e ao Estado
cabe à justiça individual e social. Platão revela o pensamento de
Sócrates sendo o justo aquele indivíduo que conhece a si mesmo, sendo
a justiça o fundamento para todas as virtudes, o sábio é um virtuoso,
logo ele é justo (PLATÃO, 2016, livro V).
O conceito de dar a cada um aquilo que lhe é devido assume
uma postura central dentro da organização da República de Platão. O
conceito de justiça vem através do comportamento humano, assim
sendo, a definição de justiça adota um caráter antropológico, avaliando
a conduta do homem justo e do injusto para então, a partir de seu
comportamento descrever suas virtudes.
A República de Platão está tão associada à
questão da justiça, que a tradição converteu essa
ideia em subtítulo do célebre diálogo.
Aristóteles, por sua vez, em suas Éticas dedica
uma análise detalhada a virtude da justiça
(RICOEUR, 2008, p.1).
A justiça torna-se impossível sem autoconhecimento, sem a
permanente reflexão de si mesmo. O discurso proposto por Glauco no
livro II da República propõe que a justiça nada mais é do que uma
convenção entre os homens que decorre de uma conveniência
necessária para a vida em sociedade. A ideia de Glauco é radical,
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