Capítulo 8 - Organismos geneticamente modificados

Páginas165-178
Capítulo 8
ORGANISMOS GENETICAMENTE
MODIFICADOS
A modernidade alcança esse novo estágio [...] quando é capaz de enfrentar o fato de que a ciência,
por tudo o que se sabe e se pode saber, é apenas uma versão dentre muitas.
[...] A modernidade atinge esse novo estágio quando é capaz de enfrentar o fato de que o aumento
do conhecimento expande o campo da ignorância, que a cada passo rumo ao horizonte novas terras
desconhecidas aparecem e que, para colocar a coisa de maneira mais genérica, a aquisição do conhe-
cimento não pode se exprimir de nenhuma outra forma que não a da consciência de mais ignorância.1
1. ORGANISMOS GENETICAMENTE MODIFICADOS
Organismos geneticamente modif‌icados (OGM) ou transgênicos são organismos
criados em laboratório por meio de técnicas de engenharia genética, nas quais sua es-
trutura natural é manipulada a f‌im de obter características específ‌icas.
A expressão envolve todas as entidades biológicas capazes de transferir seu mate-
rial genético, exceto os seres humanos. E a modif‌icação produzida não abrange formas
naturais de replicação, como o acasalamento ou recombinação natural.
Utilizaremos, neste capítulo, as expressões “organismo geneticamente modif‌icado”
e “transgênico” como sinônimos, embora seja possível, semanticamente, diferenciá-los.
“Transgênico” é formado pelo pref‌ixo latino “trans”, que signif‌ica “movimento
oblíquo (de través) ou para além de”. É, pois, o organismo cujo genoma foi alterado
pela introdução de fragmentos de material genético de outra espécie de organismo.
Já OGM, tecnicamente, é produzido por qualquer alteração em seu genoma, seja pela
introdução de fragmentos gênicos de outros organismos ou mesmo a alteração de sua
própria sequência genética, sem que outra espécie seja participante.
Assim, todo transgênico é OGM, mas nem todo OGM é transgênico, nesse sentido
estrito.
A alteração genômica pode operar-se em animal – para produção de substâncias
de interesse farmacêutico, como repositórios de órgãos humanos ou facilitadores de
crescimento e imunidade (em peixes, gado etc.) –, em vegetal – para resistência a pragas,
melhor adaptação a condições bióticas (como clima e solo), aceleração de desenvolvi-
mento, características favoráveis ao comércio em geral – em bactérias – como auxiliares
1. BAUMAN, Zygmunt. Modernidade e ambivalência. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999, p. 258.

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